tag:blogger.com,1999:blog-10951377021566142752024-03-14T06:07:57.730-07:00Blog sobre psicanálise, arte filosofia e afinsUnknownnoreply@blogger.comBlogger7125tag:blogger.com,1999:blog-1095137702156614275.post-76347254292751909572018-07-09T10:36:00.001-07:002018-07-09T10:36:18.983-07:00Palestra: A doença mental sobre o olhar da escuta psicanalítica<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Palestra: A doença mental sobre o olhar da escuta psicanalítica</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">José Jacques</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Quando eu comecei o grupo, eu e minha colega
psicóloga, que agora saiu do grupo, tínhamos a ideia de dar um espaço para os
paciente poderem falar. Um grupo de conversa, onde eles pudessem falar, relatar
suas angustias. Não é um grupo terapêutico, no sentido em que não buscamos uma
terapêutica pois isso iria contra as normas do CRP e poderia afetar a relação
deles com seus psiquiatras. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas era um espaço de fala. Notamos que muitos
desses pacientes não faziam terapia, apenas acompanhamento médico. Obviamente
qe os psiquiatras também conversam com eles, mas não é uma terapia exclusiva da
fala, como seria uma terapêutica psicanalítica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O grupo não visa ser terapêutico. No entanto,
com o passar do tempo muitas coisas foram constatadas, o que implicou modificar
a direção do grupo com uma escuta mais psicanalítica. A psicanálise entra meio
enviesada no grupo, não é uma análise propriamente, até porque não há
psicanálise me grupo, mas ela permite nos dar instrumentos para pensar como
trabalhar com o grupo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Em primeiro lugar, foi fácil constatar que as
queixas dos pacientes se assemelham em muito as queixas dos neuróticos. Sempre
são situações de angústia, lidar com a perda de alguém querido, com problemas
financeiros, lidar com pessoas que nos destratam, enfim. Lidar com a castração,
com essa angústia diária, lidar com o fato de que o mundo não é como imaginamos
e que nós somos limitados, não conseguimos dar conta de tudo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Assim, no começo do grupo falávamos para eles
de terem uma alimentação natural, fazerem exercícios, procurar lidar melhor com
os familiares, etc. Ter uma vida social mais ativa. Enfim, bons conselhos, que
servem para nós também, mas que em geral, fracassam ali ou aqui. Sempre há um
fracasso, uma impossibilidade de sermos perfeitos, de termos uma vida perfeita.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Freud já teorizava isso quando falava da
miséria cotidiana. Como observou Lacan, em toda a obra de Freud, ele nunca fala
de felicidade. Freud nunca promete a felicidade. Promete que estaremos mais
aptos a trabalhar, resolver problemas. A vida humana é uma série de conflitos e
nós mesmos somos uma espécie dialética, mudamos de opinião, de posição, temos a
liberdade de modificar nossos conceitos e daí mesmo é onde opera a psicanálise.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Portanto, o grupo em primeiro lugar falava de
um fracasso. Um fracasso em fazer os pacientes terem uma vida mais social, em
eles conseguirem controlar melhor suas vidas, estarem mais estruturados. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Fracassávamos mesmo em conseguir organizar o
grupo para fazer um passeio. Foi então que eu pensei, o que estaria do outro
lado do fracasso? Porque vários pacientes não queria ter uma vida social mais
ativa por exemplo? O que eles queria na verdade, qual seu desejo?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">É então que o grupo passa a ter outra direção,
onde se busca escutar os pacientes. O que eles realmente querem? O que desejam?
Não se trata mais de trabalhar eles para irem nos passeios do CPIP, mas de
interrogar porque eles não vão? O que eles querem então fazer? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Essa mudança é importante. Como dizia uma
colega minha psicanalista, é quando Freud deixa de falar e começa a escutar,
que as coisas mudam de figura. Ao escutar os pacientes várias significações
começam a surgir. O preconceito social que sofrem por serem os doentes mentais.
O preconceito por não se sentirem “normais”. Até as perdas de familiares que
tiveram, como eles lidam com isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Um dos pacientes, com uma esquizofrenia mais
crônica, mais desarticulado, traz certo dia a fala sobre a mãe que perdeu.
Então fala que sentiu muita tristeza, que amava muito ela. Isso é importante,
porque permite a esse paciente se sentir como sujeito, permite a ele demonstrar
ali uma metáfora, uma significação. Seu discurso psicótico é o que
verdadeiramente se diz, um inconsciente a céu aberto: Ele pula de um tema a
outro, de uma lembrança a outra, aparentemente sem um sentido. Aos poucos
agora, o grupo aprendeu a suportá-lo, a integrá-lo no grupo, mas esse paciente
era alguém que mexia muito com o grupo todo. Ele ali ter feito uma metáfora,
parece que indica uma direção de algo bom para sua patologia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">2<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Essa questão da significação eu gostaria de
falar de um caso famoso do psicanalista Contardo Calligaris. Era um de seus
pacientes, que tinha sido soldado no exército americano no Vietnam, depois foi
Hippie na Índia. Depois vai para a França, torna-se um rico empresário da
burguesia. Ele é levado pela esposa para análise porque está tendo um caso com
a sogra. Calligaris o analisa por um ano, sem saber ao certo porque ele vem.
Ele então desaparece da análise e Calligaris fica sabendo que ele está preso.
Descobre que ele estava em um bar e uns criminosos que planejavam um assalto
lhe convidam, ao acaso e ele decide ir. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Calligaris cria o conceito nesse caso de um
discurso como uma rede, onde linhas horizontais e verticais se perpassam, mas
sem um ponto de encontro, um ponto central. Ele fala da psicose como uma
errância, o paciente erra, mas não como o neurótico que tem um destino final na
sua errância, mas uma errância sem destino. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Nota-se no caso que Calligaris traz que tudo na
vida do paciente aparece sem um significado. Ele não está inserido no tesouro
das significações como o neurótico. Se ele fosse neurótico, a passagem de um
soldado para Hippie faria ele se interrogar, faria ele tentar compreender esses
dois lugares tão distintos. Ele nem mesmo cogita qual a significação de se
tornar um criminosos, cometer um assalto. Um neurótico ficaria de debatendo,
dialeticamente, por um bom tempo ou talvez para sempre, sobre o que significa
ele tornar-se um criminoso. Certo que um neurótico torna-se criminoso, mas ele
debate em seu íntimo o que significa ser criminoso, o que isso lhe acarreta, o
que isso instaura dentro de si. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">E aqui entramos no seminário 2 de Lacan, sobre
como Freud concebe sua teoria psíquica e o lugar do eu. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">3<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Freud escreve sua primeira tópica do aparelho
psíquico. Tudo parece funcionar corretamente, até que surge os problemas dos
sonhos. Freud nota que nos sonhos as
coisas se passam de uma forma diferente: por exemplo, se o sonhador tem fome, a
direção do aparelho psíquico, na primeira tópica, indicaria que ele iria
acordar e procurar comida, ir atrás de um bolo para comer, por exemplo. Mas não
é isso que acontece. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O sonhador sonha, ou seja, ele alucina um bolo
nos sonhos, exatamente para não acordar. O sonho serve como um protetor para
manter o sono. O sonhador vai sonhar que está comendo um bolo ao invés de
acordar e ir em busca de um bolo na realidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Isso faz com que Freud tenha de repensar sua
primeira tópica. Pois parece que o aparelho psíquico, ao invés de ir de um lado
a outro, do inconsciente para a consciência, nos sonhos faz um caminho
contrário. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Freud então vai criar sua segunda tópica, onde
isso é revisado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Aqui, o que é importante, que Lacan ressalta, é
que a consciência surge como uma tela, um lugar onde os estímulos externos vão
ser recebidos, mas logo desaparecem. É em outro lugar, como diz Lacan, que as
coisas irão permanecer. As memórias, as significações, se darão do lado do
sujeito. Como a paciente que diz a Freud
que ele não pode mudar o mundo, não pode mudar as coisas que aconteceram e
acontecem a ela. E Freud responde, que certamente não, mas pode mudar a postura
que a paciente tem em relação a essas coisas. É a significação, o tesouro das
significações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Para dar um exemplo, Freud não se interessa se
a pessoa relata o sonho como realmente aconteceu, de forma fidedigna, nem se
ela esqueceu todo o sonho, conservando apenas um pedaço dele. Para Freud o que
importa é o que aquele sonho significou para o paciente. É o relato do sonho o
mais importante. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Aqui uma diferença crucial da psicanálise. Se
um paciente relata que sua mãe é ruim, má, o psicanalista não vai buscar
conhecer a mãe do paciente para saber se ela realmente é má. Ela pode ser uma
pessoa extremamente gentil, isso pouco importa. Também não importa se o relato
do paciente é real ou se é fantasia. Ele é rela para o paciente, o paciente
acredita nele e é isso que importa. O relato está no lugar da verdade, a
verdade do paciente e é isso que importa na clínica psicanalítica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Se um paciente tem medo de um cachorro, se o vê
como feroz e enorme, uma besta assustadora, pouco importa que esse cão seja um
chihuahua. A verdade, ela está do lado do inconsciente, ou seja, do significado
que esse cachorro ocupa na fobia do paciente, no seu medo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">4<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Entramos aqui na área da linguagem. Neste
seminário 2, Lacan vai falar do seu famoso esquema L. Mas para entende-lo temos
de falar do grande Outro e seu lugar na linguagem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Interroguei a cerca disto com o psicanalista
Mario Fleig, pois este é um conceito crucial dentro da psicanálise. Tudo
começaria com os primeiro filósofos gregos, os que teriam vindo antes dos
sofistas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Heidegger já apontava em seu texto, o que é
filosofia, que a filosofia ocidental tem uma característica própria de existir.
Ela marca uma posição de se interrogar sobre tudo, sobre o sentido das coisas.
É um ato de duvidar de tudo e buscar raciocinar sobre tudo o que há na vida.
Como diz Heidegger, o ser humano é o único ente que pensa o ser do ente. Os
animais não pensam sobre o sentido da vida, sobre o sentido dos seus atos. O
ser humano é o único que pensa o sentido, qual o sentido da natureza, do
universo, dos seus atos, o único ser que busca o sentido, que pensa o ser. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Pois bem, esses primeiros filósofos tinham uma
questão, que era como podemos mentir? Eles pensavam assim, nós temos um saber,
digamos eu sei que tem 5 laranjas em um cesto, como posso mentir, dizer que tem
7? Como posso ir contra o meu saber? Se eu sei que tem seis, como posso dizer
outro saber, ter um outro saber? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Eles então teorizaram a questão do UM perfeito,
do ser perfeito. Eles teorizaram que haveria um Ser perfeito que validava um
saber. Se eu digo que tem 5, 6 ou 7 laranjas, são saberes diferentes, mas eu
dizer que tem 5 seria um saber verdadeiro pois teria uma validade, realmente
haveria um cesto com 5 laranjas. A posteori vai surgir os sofistas, onde irão
filosofar que o que importa é que o discurso seja bem falado, bem organizado,
ou seja, que o discurso seja convincente. Se eu convencer vocês que existem 6
laranjas, isso seria tomado como verdade, seja ela ou não. Platão vai na
direção contrária dos Sofistas, criando depois o mundo das ideias, onde a ideia
é que seria perfeita. Segue depois em Aristóteles, onde ele vai falar de
lógica, onde a verdade estaria dentro da própria estrutura lógica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">5<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas retomando a questão do grande Outro, esse
conceito de ser superior é retomado em Descarte, no seu racionalismo. E, como
diz Lacan, Descarte não deixa de cair em um conceito de Deus enganador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Esse ser superior dos gregos não é de modo
algum nosso conceito de Deus. Nosso conceito de um ser superior já está
estruturado em uma visão cristã. Para os gregos, seria um lugar que asseguraria
a verdade. Mas Descarte nota que, se há um ser superior, ele nos engana. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Porque não basta muito para a gente notar que o
mundo não funciona de forma organizada. Não há muita justiça no mundo, algumas
pessoas sofrem um destino funesto mesmo sendo inocentes e boas. O mundo não
funciona de forma organizada, a vida parece não ter muito sentido, o próprio da
evolução das espécies vivas parece não ter nenhum propósito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">É nesse sentido que Lacan vai dizer que o
grande Outro não existe, mas seu campo existe. Não haveria um ser superior, não
haveria o ao menos um que escapa da castração, mas haveria o seu campo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">6<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Quando vamos ao médico por exemplo, e ele nos
dá um diagnóstico, acreditamos em seu saber médico, em seu conhecimento. Há uma
lógica dentro de seu raciocínio, mas como desconhecemos medicina, temos de
acreditar em seus argumentos em crer que o que ele diz é a verdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Freud quando começa a trabalhar com seus
pacientes, ele começa utilizando a hipnose com seu mestre Charcot. A hipnose o
que isso significa? O método hipnótico
implica que o paciente abre mão de seu livre arbítrio e, pela figura de
autoridade do hipnotizador, permite receber comandos deste. Para haver hipnose,
é necessário que o hipnotizador encarne uma figura de autoridade, ou seja que o
paciente confie inteiramente nele. Assim, o paciente permite ao hipnotizador
tomar o controle de si mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Freud começa trabalhando com a hipnose vai
modificando o método aos poucos, pois notava que esta tem um efeito temporário,
além de que muitos não eram hipnotizados. Mas da hipnose, Freud retira sua
grande teoria da transferência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Para haver transferência, é preciso que a
figura do analista se confunda com a do grande Outro. Ou seja, quando o
paciente chega ao analista ele supõe nesse um saber, supõe que ele tem todas as
respostas. Ele confunde o analista pessoa de carne e osso com o grande Outro,
esse que teria todas as respostas da vida. A partir deste lugar do grande Outro
que o psicanalista vai operar, mas, diferente do que acontece normalmente, ele
não vai usar esse lugar para dar sugestões ao paciente, mas vai devolver o que
o paciente lhe traz, para esvaziar este lugar do grande Outro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">7<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Hoje em dia fala-se muito da autoajuda. A
autoajuda representa essa dimensão onde se teria resposta para tudo. Como se
tornar uma pessoa perfeita, ter uma vida perfeita, todas as respostas estão lá.
Mas como sublinhou uma vez o psicanalista Caon, no Brasil temos resposta para
tudo, quando na verdade que importa é as perguntas. As perguntas bem formuladas
é que são a direção da busca do conhecimento. As respostas achadas sempre são
insuficientes. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O ideal da psicanálise é jogar o sujeito nessa
posição de ser um filósofo, ou seja, questionar tudo. É pelo questionamento que
se permite aos sujeitos raciocinarem e utilizarem a lógica em suas vidas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">E aqui pensamos o conceito de Piaget de operador
lógico. O homem é esse que utiliza a lógica em sua vida, no seu mundo. Ele
opera com a lógica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">8<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A lógica seria o mundo simbólico. Pensem que
quando nós falamos existe uma estrutura gramatical, uma morfologia, toda uma
forma de produzir discurso dentro da linguagem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Por exemplo, se eu digo “meu nome é Jacques”,
isso tem um sentido que todos que falam português podem entender. Se existe
alguém que não fale português, que fale alemão por exemplo, ele não entenderia
o sentido dessa frase. Mas se eu digo “Eu Eduardo não Leandro sou Jacques”.
Essa frase estaria perdendo o sentido, seria uma estrutura psicótica, ou seja,
o sentido simbólico que nós compartilhamos já não estaria sendo passado. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">9<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Lacan cria o conceito de nome do pai, o nom do
pér, onde nome é semelhante a não no francês. Lacan dizia que o filho é como
uma presa para a mãe. O desejo da mãe seria como um jacaré de boca aberta. O
não do pai, seria como um pedaço de pau, qualquer coisa que impedisse o filho
de cair nesse desejo gigantesco. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O bebê, em sua relação com a mãe, assume ela
como sendo o mundo. A mãe é tudo que ele conhece, é todo seu mundo. Ele é,
digamos, um marionete nas mãos do desejo da mãe. É preciso que surja algo, um
terceiro, algo do mundo que separe a mãe e o bebê. Pode ser algo simples,
digamos que a mãe precise dar atenção a um namorado ou precise assistir TV. É
algo que faça uma fissura na relação mãe-bebê, mostrando que há outras coisas,
um outro mundo além dessa relação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Esse terceiro ponto, que é o nome do pai, será
o lugar do grande Outro, será quem vetoriza, quem dá um sentido, uma direção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">É o que faz com que vocês entendam aquilo que
eu falo é o que faz com que minha fala tenha um sentido ou seja, que está
direcionada para a verdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Nós nunca alcançamos a verdade absoluta, mas
nos dirigimos para ela. Por isso Lacan situa a linguagem como circulando a
verdade, a verdade é sempre dita. Nosso discurso tangencia a verdade mas não a
alcança. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Um exemplo disso está na própria religião. O
verdadeiro crente sempre mantém em si algo de uma dúvida em relação a sua
religião, uma dúvida se Deus realmente existe. É esse lugar de dúvida que faz
com que várias religiões briguem entre si. Se pensarmos tanto católicos como
judeus, mulçumanos, budistas, todos temos o mesmo Deus, Deus é um só. É porque
se pode duvidar de seu lugar, daquilo que Deus quer, onde cada religião vai
interpretar o que Deus quer a seu modo que surgem as brigas. Cada um interpreta
a seu modo o que Deus quer e está feita a briga. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Imaginem se, por acaso, o céu se abrisse e uma
voz lá do alto falasse. O que quer que a voz de Deus falasse, não se poderia
contestar. Ela seria absoluta. Seria ai o lugar da verdade absoluta,
incontestável. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A psicose estaria neste lugar, onde o delírio
surge como um significante com um significado absoluto, único. Ao contrário da
neurose, onde sempre há a dúvida, na psicose há uma certeza no delírio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Uma vez, em uma apresentação de pacientes com o
psicanalista Mario Fleig, um paciente psicótico relata quando passou perto de
uma igreja e ali pensou que era Jesus. Fleig depois demonstra para nós que, o
momento em que o paciente diz que pensou que era Jesus, que achava que era
Jesus, é um momento depois do surto. Na hora em que ele estava em surto, ele
não tinha dúvidas, ele era Jesus. Isso é uma característica da psicose, a falta
do nome do pai no campo simbólico surge como um delírio de certeza no Real. No
delírio, ele era Jesus no Real. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">10<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A estrutura psicótica possui assim uma base
fisiológica também, como diz Lacan, não é psicótico quem quer. Haveria uma
pré-disposição para a psicose. Essa pré-disposição seria este algo que fracassa
na aquisição da linguagem. Isto que vetoriza o sujeito e que dá o lugar da
verdade. Por isso que a verdade é sempre a verdade do sujeito. A realidade
psíquica, em psicanálise, é sempre a realidade do sujeito. Embora no simbólico
compartilhamos uma mesma realidade através da lógica, da estrutura simbólica, o
imaginário, as significações, são da ordem do singular. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Imagine que três pessoas vão falar sobre o
cachorro. Cachorro é um termo universal, é um animal do nosso mundo, é um ser
que tem um conceito científico. Mas o que um cachorro significa para cada um é
diferente. Quando penso em cachorro, pode vir a lembrança do meu cachorro da
infância, do meu cachorro que eu tenho, de um cachorro que me mordeu etc. Para
cada um dos três sujeitos o conceito, o significado de cachorro é diferente. Por
isso a significação comporta algo de singular, da nossa singularidade e é isso
que nos faz sujeitos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Imagine por exemplo duas pessoas, uma sofre um
acidente de carro e nem se importa, aquilo para ela é comum, ela até esquece
que sofreu. Outra sofre o mesmo acidente, mas isso faz com que ela nunca mais
entre em um carro. Veja que novamente as significações do evento ocorrido são
diferentes para cada pessoa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">É por isso que na psicologia se busca dar voz
para as pessoas. Não faz muito tempo, na década de 50,60 se realizou o
movimento antimaniconial. Era uma forma de mostrar que os doentes mentais eram
pessoas. O que isso quer dizer? Quer dizer que eles possam falar, ter voz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Os doentes mentais saem daquele lugar de que
tudo que dizem não tem importância, é loucura, sua fala não importa porque são
doentes. Isso é algo que buscamos assegurar no grupo de conversa, que eles
tenham voz, que possam dizer o que querem.
Quando a psicologia luta pela subjetividade das pessoas, luta para que
elas possam se expressar, possam dizer o que querem. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Cada um possui um saber, uma cadeia de
significações singular e é importante que sejam escutados. Uma sociedade melhor
implica nisso, escutar os doentes mentais, os autistas, os deficientes, os
transgêneros, homossexuais, etc. Que eles tenham um lugar para falar, pois ser
um ser humano, um cidadão, é ter um espaço de fala, de traduzir sua
singularidade dentro do universo simbólico. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">11<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">E para falar de singularidade, temos de falar
do esquema L de Lacan, que vai nos mostrar como uma análise funciona, como é o
método psicanalítico concebido por Freud. Lacan como sempre sublinhou, faz um
retorno a Freud, é a mesma teoria, o mesmo método que Freud utiliza. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Como falei anteriormente, na transferência o
paciente confunde o analista com o grande Outro. Ao fazer essa confusão, ele
pode sair do lugar de espelhamento, que Lacan chamou de a-a linha. Esse lugar
seria a relação do eu com o outro minúsculo, como o seu semelhante. Digamos que
alguém lhe conte uma fantasia sexual. Você pode dizer que tem a mesma fantasia,
pode dizer que isso é nojento, que ele não deveria pensar essas coisas, que é
pecado ou que é normal, etc. Enfim, quando fazemos isso nos colocamos na mesma
relação com a outra pessoa. Ou seja, damos um julgamento, ou um parecer sobre
aquilo que ela nos diz. O ego, o eu, sempre está nessa relação de espelhamento
com o outro. É por isso que para Freud o ego é dinâmico. Se vocês estão em um
grupo que é homofóbico, se defenderem a homossexualidade, não serão bem vistos
no grupo, ou seja, serão constrangidos e acabarão tendo de ser homofóbicos se
quiserem pertencer ao grupo. Se estão em um grupo que é contra a homofobia
vocês serão enaltecidos ao defenderem a homossexualidade. Como vêm, o ego é
dinâmico, se modifica também conforme os grupos sociais a que pertence.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas Freud nota que para além deste eu há um
outro lugar, o lugar do sujeito inconsciente. O ser humano de Freud é um
sujeito dividido, fracionado, sem possibilidade de ser completo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Digamos que, como no exemplo anterior, o
sujeito lhes conta uma fantasia sexual e vocês devolvem a ele, perguntam, o que
você acha que essa fantasia significa para você?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Na medida em que o analista ocupa esse outro
lugar, onde o significado da fantasia já não será dado pelo outro, por seu
semelhante- e vejam, no modelo anterior era o semelhante que dizia se a
fantasia era algo comum ou pecado- quem vai buscar o significado é o próprio
sujeito que externou a fantasia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Ao sair dessa relação especular entre o eu e o
outro, aparece então o sujeito do inconsciente. Esse sujeito do inconsciente
está em relação ao grande Outro, esse lugar imaginário onde o paciente coloca o
analista. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O sujeito do inconsciente é o tesouro dos
significantes, isto é, o lugar onde o paciente vai produzir sua significação,
sua singularidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">São os efeitos dos discursos da sociedade, dos
pais, da sua cultura. O fato de habitar a linguagem faz com que isso crie
efeitos em nós, produzindo o que chamamos de sujeito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Quando Sócrates pronuncia a famosa frase,
conhece a ti mesmo, esse tu mesmo é um remeter ao sujeito. É o tu, tu mesmo.
Assim, não é o que os outros acham que é política, o que me dizem o que é
política, mas o que eu, eu mesmo acho que é política. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Quando Piaget vai falar de educação, ele
ressalta que o mais importante é o aluno produzir um raciocínio para atingir a
resposta certa, que isso é mais importante do que ter a resposta certa. É a
construção do pensamento. O bom educador ensina o aluno a construir um
raciocínio para achar a resposta, ao invés de apenas lhe fazer repetir um
raciocínio já pronto, construído. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Lacan ressalta que o mais escandaloso em Freud,
quando Freud começa a investigar o inconsciente, é que uma parte nele não só
não sabe o que o diz, mas que ele nem mesmo sabe quem o diz, quem é este
sujeito que fala. O discurso advindo do inconsciente, essa fala que tenta
passar Freud não sabe nem mesmo quem é esse sujeito que fala.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O quando o paciente em análise diz tudo que lhe
vier a cabeça e de repente vem uma frase, um conteúdo recalcado e quando o
analista pontua o paciente nem mesmo se dá conta que a frase é dele, foi ele
que disse. Calligaris cita o exemplo de que, nunca encontrou um paciente
homofóbico que não tivesse sua homossexualidade recalcada em conflito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Ao analisar-se, um paciente homofóbico que siga
a regra da associação livre logo vai se deparar com a sua própria questão de
homossexualidade. E é ele mesmo que falou, como diz o psicanalista Caon, uma
vez que algo foi dito não se pode desdizer, foi falado. Pode-se tentar
retratar, dizer que não era esse sentido, pouco importa. O que foi dito está
dito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">É porque se diz muito mais do que se quer
dizer, é porque falamos mais do que pretendíamos que a análise pode se efetuar.
Os sonhos, para Freud, eram a via régia ao inconsciente. Eles representavam uma
fala tentando passar. Aqui temos de fazer a diferenciação entre experiência e
vivência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">12<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A Análise funciona, porque se fala da
experiência, não da vivência. Ter um trauma, viver um trauma é uma coisa. Mas
quando falamos desse trauma, o que esse trauma simbolizou para nós, isso é
experiência, é fazer uma significação do que foi vivido. É por isso que na
análise o paciente pode passar do desespero de ter vivido um trauma, uma perda,
para transformar isso em algo libertador, um presente, uma felicidade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Se a pessoa perde alguém amado, pode ficar em
uma cama por dias, lamentando a pessoa amada. Mas pode também usar isso para ir
atrás de outra pessoa e encontrar alguém que considere melhor e assim produzir
o significado que a perda da pessoa amada foi muito bom, porque pode enfim
achar alguém melhor. Vivência é o que estamos vivendo. Mas quando refletimos,
pensamos no que aconteceu, isso se torna experiência. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Os sonhos são vivência. Nunca saberemos ao
certo o que aconteceu dentro do sonho. Sabemos da sua elaboração, que já
acontece ao acordar. Quando o paciente está contando um sonho, ele está
relatando algo que ele vivenciou. Ao tentar entender o sonho, ele está assim
adquirindo experiência, ou seja, refletindo neste lugar do eu, eu mesmo, como
eu mesmo entendo aquele sonho que aconteceu. Por isso que o sonho é uma via ao
inconsciente, ao que o paciente tem de mais singular, pois ninguém tem um sonho
idêntico a outra pessoa. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Quando Freud vai falar dos sonhos, ele diz que,
se o paciente sonha com o pai, essa figura do pai já é uma composição. Se o pai
está rindo, está chorando, etc aquele pai que aparece no sonho ele é uma
composição de vários momentos da vida do sonhador. Se o pai está usando um
chapéu, Freud conseguia com a análise fazer o paciente lembrar de uma ocasião
onde seu pai estava de chapéu e que foi importante para o sonhador. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Assim também o mesmo acontece com as
lembranças. Uma lembrança vívida que nós temos, da nossa infância, já está
misturada com outras posteriores que a afetaram. Essa lembrança é uma
condensação de vários pedaços em algo imaginário. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Imagine quando nós lemos um livro, nós
guardamos uma parte do livro, não todo ele. Uma parte que é significativa para
nós, que se entrelaça na nossa forma de pensar de perceber o mundo. Talvez
tenha uma passagem importante lá no livro que eu não perceba, exatamente porque
eu não dou valor. Por isso que existe certos casos de autismo onde o sujeito
consegue lembrar de todo o livro, sabe onde está cada palavra do livro, mesmo
que seja um livro de 1000 páginas, mesmo que tenha lido só uma vez. Mas esse
mesmo autista, com essa memória formidável, não consegue ler uma poesia do
Mario Quintana e dizer o que ela significou, o que ela representa. Ele não
consegue fazer uma interpretação de texto, produzir algo sobre o que aquele
poema causou nele, porque ele não consegue responder do lugar de si mesmo, de
sujeito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Na psicose também há um fracasso disso e vemos
isso em maior ou menor grau. Um dos pacientes do grupo é um excelente pintor,
produz quadros lindos na aula de pintura. E eu o questiono, ele não pinta em
casa? Porque não produz quadros quando não está na aula? Mas ele não o faz,
porque isso seria se implicar nas coisas. Como diz o psicanalista Mario Fleig,
a análise visa fazer o sujeito se implicar, isso muda a vida dele. Eu diria que
é o momento em que saímos do lugar de plateia e subimos ao palco. Subir ao
placo é perigoso, podemos errar o texto, não sabemos como as coisas vão
ocorrer, etc. A plateia sempre está segura no seu lugar de plateia, de
ausência, de não fazer nada. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">É algo característico do brasileiro, ele
assiste tv parado, só olhando, depois vai para a Igreja, fica só olhando, vendo
o pastor falar, depois vai para o comício, na mesma passividade bovina de ficar
escutando o político. O brasileiro nunca sobe no palco, não se arrisca. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O neurótico, se o jogamos nesse lugar onde ele
tem de se implicar, tomar a frente, aguentar as coisas no osso do peito, como
se diz, ele vai, meio assustado, capenga, mas consegue ir. Consegue se
implicar, ocupar esse lugar do eu, eu mesmo. O lugar de se sustentar a si
mesmo. O psicótico não consegue, quando tem de responder do lugar de sujeito,
ele não acha a metáfora paterna. Ele não consegue responder do lugar do si
mesmo, porque está faltando isso que dá peso as significações. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Por isso os pacientes do grupo de conversa não
podem ser levados a um extremo de uma angústia ou um stress. Porque não se sabe
até aonde suas metáforas poderão segurá-los. Ele pode acabar fazendo um surto,
produzindo um delírio onde o material recalcado retorna no Real. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Não podemos cobrar deles da mesma forma que se
cobra de um neurótico. O neurótico frente a angústia faz um sintoma, talvez
fique uns dias dentro de casa, talvez passe uns dias chorando ou vai fazer
coisas que nunca fez na vida, pouco importa. Ele sempre acha um rumo, sempre
acha algo que lhe segura. Por maior que seja a angústia, ele consegue produzir
algo com ela e continuar a vida. Na psicose, frente a uma grande angústia, o
sujeito pode produzir um delírio, esse delírio é uma certeza para ele, pois vem
em suplência do lugar onde o grande Outro nos assegura ser a direção da
verdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">13<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Para finalizar, gostaria de falar para vocês de
alguns aspectos do funcionamento psíquico do neurótico. Heidegger cria o termo
Dasein, para falar do ser-aí, o vivente com diz Caon, este que está ai. Este
que nós somos, no presente. Heidegger diz que o ser-aí sempre é chamado para
dar testemunho do seu ser, prestar contas do seu ser. E isso é uma
impossibilidade, haja vista que não conseguimos ter uma compreensão total da
nossa existência. É por isso que se implicar, responder do lugar de sujeito,
desse lugar do eu, eu mesmo, sempre é angustiante para o neurótico. Porque ele
nunca está bem certo que lugar é este. Como diz Freud, é o mal estar da
civilização, o estar mal, estar em um lugar que nunca é exatamente seguro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A análise comporta assim dois momentos: um onde
vem a fala do inconsciente, onde falamos algo através da associação livre, uma
fala que espanta a nós mesmos e que nem aprece ser nossa, para um segundo
momento, onde tomamos essa fala como nossa e refletimos sobre ela. Esse
primeiro momento é o lugar do desejo, onde o desejo inconsciente aparece.
Imagine por exemplo uma mãe que é dedicada a seu filho, que o ama muito. Mas
ela está cansada, talvez irritada com algo que ele fez. E em um dado momento da
análise, ele diz “eu gostaria de nem ter tido esse filho”. Não quer dizer que
ela o odeie ou que realmente não o quisesse ter, mas quer dizer que naquele
momento de stress ela não o queria ter tido. Ao abrir um significante em uma
análise, a cadeia de significados corre para todos os lados. Nos amamos nossos
filhos, mas também os odiamos às vezes. Ao dizer essa frase de que não gostaria
de ter tido esse filho, a mãe constata que, dentro de si, também há um ódio as
vezes, que nem sempre é bom ter esse filho. Isso não importa. O que importa é
que ela descobre que ela possui essa parte dentro dela. O que ela fará com
isso, qual a reflexão que ela vai tirar disto, não se sabe. Mas em geral não
significa que ela vai abandonar o filho,
mas sim que ela constata que um pouco de ódio também faz parte da criação de um
filho, pois se perde algo também, ao se ter um filho. Assim a análise comporta dois tempos, um
tempo passado, quando se constata a fala advinda do inconsciente e um tempo
futuro onde o eu vai ter que lidar com essa parte que agora também é do
sujeito. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">O inconsciente é um lugar de incógnita, ele diz
de um lugar de onde não sabemos exatamente como o mundo e as pessoas nos
afetam, vemos apenas os feitos disso e refletimos em cima disso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">A lógica do inconsciente diz de uma estrutura
que está agindo em nós sem nos darmos conta e só a posteori nosso eu consegue
trabalhar com ela e operar logicamente dentro da estrutura simbólica. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Pensem nas pessoas por quem a gente se
apaixona. Se analisarmos, veremos que há um padrão, que a pessoa por quem nos
apaixonamos tem uma certa lógica que a escolheu. A profissão que escolhemos, se
vamos ser astronautas ou psicólogos. Parece ter acontecido ao acaso. Mas o que
Freud nos ensina é que não há acaso. O melhor exemplo que ele dá é a gente
escolher um número a acaso. Esse número será tudo, menos ao acaso. Tem uma
lógica aí embaixo que não percebemos, por isso chamamos inconsciente. Se
fizermos uma associação livre, vamos descobrir que esse número tem um grande
significado em nossas vidas, que nos diz algo. Isso é importante ter em mente,
porque quando Freud analisa um ato falho, ele analisa sempre depois que ele
ocorreu. Nos damos conta do ato falho depois que ele acontece. Eu vou dizer o
nome de Freud e falo Lacan, reconheço meu ato falho, analiso ele, mas a lógica
que fez o ato falho acontecer eu não tive consciência dela ela agiu em mim e eu
só a reconheço depois. É depois que o sonho acontece que eu penso e reflito
sobre ele, nunca durante. Se eu falo algo que não devia, é só depois que eu me
dou conta, o que me levou a falar isso, no momento em que estava falando eu não
consigo controlar. Por isso Freud vai dizer que somos controlados pelo
inconsciente, que a lógica que rege nossas vidas eu só percebo depois que
aconteceu. Por isso o lugar do sujeito do inconsciente sempre é uma incógnita,
é ali onde eu não penso, onde estou à mercê de um funcionamento lógico do qual
não controlo. É claro que o que o eu vai fazer com isso, entrará na
racionalidade, no que eu posso fazer com meu desejo. Quer dizer que eu constato
que sinto ódio de alguém, mas o que eu faço com esse ódio, se eu me afasto da pessoa,
se eu a mato, se eu deixo isso e lado para ficar amigo dela, há toda uma gama
de possibilidades do ego de manejar esse conteúdo vindo do inconsciente. Posso
matar a pessoa apenas na fantasia, em um devaneio e assim estar bem para mim,
não preciso ne xingar a pessoa. O ego
tem a racionalidade, a lógica racional, que nos permite lidar com as coisas no
mundo e buscar uma forma mais adequada de organizar, estruturar elas. Mas a
melhor forma, o caminho mais lógico implica que essa lógica esteja organizada
em um sentido, que me dá a dimensão da verdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Digamos que, para eu comer uma banana, a forma
mais lógica seja eu descascar essa banana. É o método mais correto, no sentido
de que a banana mais saborosa é aquela sem casca. Mas na psicose não há essa
dimensão, esse terceiro ponto que indica o melhor método, que indica onde está
a verdade. É como se aquilo que diferencia a banana sem casca da banana com
casca não existisse, então a lógica de descascar a banana não faz sentido. Com a falta deste sentido, o psicótico vai
produzir um delírio, uma formação inconsciente que surge como uma verdade
absoluta, que irá surgir no Real. Um dos nossos pacientes, paranoicos, ouve
pessoas chamando ele de veado. Seu psiquiatra lhe diz para duvidar dessas vozes
e é o que dizemos para ele também no CPIP, que essas vozes são suas
“paranóias”, como ele mesmo diz. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Mas quando elas acontecem, quando ele a está
ouvindo, a voz é real. Ele não consegue diferenciar, no momento, a voz
imaginária de uma voz real, para ele é tudo a mesma coisa. Se ele fosse
neurótico, ele diria “parecia que alguém me chamou de veado”. Veja diferença,
na neurose ele põe em causa, ele duvida se foi real ou não. O imaginário, para
o neurótico, nunca é absoluto, é o fantasma, ele pode ser e pode não ser, é o
ser e não ser, algo que é e também não é como a alma humana. A psique humana é
essa transcendência, ela existe e não existe, está no corpo mas também não
está. Chemama teoriza que a pulsão de Freud é um conceito que visa unir a parte
física com a psíquica. Depois que a pessoa morre, não há mais psiquê. Mas sem o
corpo, também não há psiquê. Não fazemos psicologia de fantasmas, de almas
desencarnadas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Na psicose não há essa dúvida a voz que o
paciente escuta existe, a voz imaginária que é dele toma forma, surge no Real.
Penso que o trabalho de um grupo de conversa com psicóticos é o de tentar
produzir algumas metáfora, tentar estruturar a vida dos sujeitos. Ajudar a ver
até aonde eles conseguem se socializar, realizar as atividades etc. Sempre escutando
seus limites. Lembremos de James Joyce, que Lacan diz ter conseguido produzir
alguma metáfora que o auxiliou por toda a vida, na sua atividade de escritor. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="PT-BR">Penso que quando falamos aos pacientes que eles
não são apenas doentes mentais que tem um problema, que não conseguem ser
normais, mas que na verdade todos nós temos nossa patologia, neuróticos,
psicóticos e perversos. Acontece apenas de que os neuróticos são maioria, por
isso são ditos “normais”, a norma. Que os psicóticos tem que encontrar a sua maneira
de viver com sua patologia, seu lugar no mundo, assim como os neuróticos são
obrigados a lidar com seus sintomas. Ao falarmos isso, penso que já damos aos
pacientes um outro olhar sobre seu lugar social, o que possibilita enxergar sua
doença com outros olhos e assim construir um significado diferente da sua
doença. Um significado menos patológico,
que possa lhes servir de metáfora. <o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1095137702156614275.post-77213679305179455412018-06-11T05:02:00.002-07:002018-06-11T05:02:49.566-07:00A angústia frente aos problemas do cotidiano e a angústia em cima do divã<div class="MsoNormal" style="background: white; mso-background-themecolor: background1;">
<span lang="PT-BR"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background: white; mso-background-themecolor: background1;">
<span lang="PT-BR">Estava me interrogando esses dias
acerca das diferentes angústias que sentimos- e me parecem ser diferentes-
entre o acontecimento de algo no mundo “real”- o nosso cotidiano- e a angústia
de falar deste acontecimento no divã, a angústia de ser analisante. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="background: white; mso-background-themecolor: background1;">
<span lang="PT-BR">Quando eu sofro um acidente e perco
uma perna, isso me causa uma dor terrível, uma angústia. Mas a maior angústia,
que eu irei falar no divã, é a angústia que eu sentirei quando eu falo sobre o
que a perda dessa perna significa, o que ela representa em minha vida: Falarei
de quando eu corria, quando andava de bicicleta, etc. De tudo que eu perdi ou
penso perder quando perdi minha perna. A dor de perder uma perna é terrível,
mas o significado de perder uma perna é mais terrível ainda. Como diz Lacan, a
consciência é como uma tela, uma tela de televisão. A construção do
significado, da cadeia de significantes, ocorre alhures, em outro lugar. Isso é
o que Freud nota quando vai separar a consciência do inconsciente. A
consciência, o que quer que isso possa ser definido, é como algo que recebe
estímulos vindos do mundo, mas ela é burra. É do outro lado, dentro da cadeia
de significantes que isso vai trazer seus efeitos mais importantes. A perda da
perna é uma constatação e isso seria a consciência. Mas o que isso significa
para mim, que terei de usar uma perna mecânica agora, que não poderei dançar,
não poderei correr, ou que poderei fazer tudo isso, mas agora preciso utilizar
uma prótese, e como farei para conseguir uma prótese, toda essa estruturação logística
ocorre em outro lado, é os efeitos que o Real irá realizar em minha psiquê. Como a paciente que, uma vez, diz a Freud “mas
o senhor não vai mudar o mundo, como vai me ajudar?”. Certamente a psicanálise não muda o mundo(
não vai acabar com a miséria, por exemplo), mas vai poder mudar a atitude da
pessoa frente a este mundo, sua psiquê, ou seja, ele pode ir em busca de
encontrar formas de sair da miséria ou de lutar contra ela socialmente. <o:p></o:p></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1095137702156614275.post-18918499087391496412018-06-09T13:43:00.001-07:002018-06-09T13:43:06.866-07:00Blog sobre psicanálise, arte filosofia e afins: entrevista com Moustapha Safouan<a href="http://freudarte.blogspot.com/2018/06/entrevista-com-moustapha-safouan.html?spref=bl">Blog sobre psicanálise, arte filosofia e afins: entrevista com Moustapha Safouan</a>: Grand entretien avec Moustapha Safouan par Michel Plon et Tiphaine Samoyault Source : En attendant Nadeau, journal de littérature, d...Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1095137702156614275.post-79378342971489706282018-06-09T13:42:00.003-07:002018-06-09T13:42:30.846-07:00entrevista com Moustapha Safouan<header class="entry-header" style="background-color: white; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; text-align: justify;"><h1 class="entry-title" style="background: transparent; border: 0px; clear: both; color: black; font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, "Nimbus Sans L", sans-serif; font-size: 20px; font-weight: normal; line-height: 1.3em; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Grand entretien avec Moustapha Safouan</h1>
<div class="entry-meta" style="background: transparent; border: 0px; color: #888888; font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, "Nimbus Sans L", sans-serif; font-size: 12px; margin: 0px 0px 15px; padding: 0px; text-size-adjust: 120%; vertical-align: baseline;">
<h4 class="meta-item author" style="background: transparent; border: 0px; clear: both; color: black; font-weight: normal; line-height: 1.5em; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span class="vcard author" style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span class="fn" style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">par <a href="https://www.en-attendant-nadeau.fr/author/michel-plon-et-tiphaine-samoyault/" style="background: transparent; border: 0px; color: #ff4b33; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon et Tiphaine Samoyault</a></span></span></h4>
<h4 class="meta-item author" style="background: transparent; border: 0px; clear: both; color: black; font-weight: normal; line-height: 1.5em; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Source : <a href="https://www.en-attendant-nadeau.fr/" style="background: transparent; border: 0px; color: #ff4b33; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">En attendant Nadeau, journal de littérature, des idées et des arts</a></h4>
</div>
</header><div class="entry-content" style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; clear: both; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<h3 style="background: transparent; border: 0px; clear: both; color: black; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; font-weight: normal; line-height: 1.5em; margin: 0px 0px 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Dans le sillage de son grand livre sur la psychanalyse, publié en 2013 aux éditions Thierry Marchaisse et repris en « Folio » en 2017, </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">La Psychanalyse: Science, thérapie – et cause</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">, Moustapha Safouan a répondu aux questions d’</strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">En attendant Nadeau</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> sur sa pensée et son expérience de l’analyse.</strong></em></h3>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Né en 1921 à Alexandrie, Moustapha Safouan a quitté l’Égypte à la fin de la Seconde Guerre mondiale pour faire des études à Paris. Disciple de Lacan, avec qui il a commencé une analyse de contrôle en 1949, il a écrit depuis cette époque près d’une quinzaine d’ouvrages traitant aussi bien de questions théoriques – l’Œdipe, la castration, la fonction paternelle – que de questions techniques portant sur le transfert, la transmission et la formation des analystes.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Au sein de cette production, retenons <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">La sexualité féminine dans la doctrine freudienne</em> (Seuil, 1976), <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Jacques Lacan et la question de la formation des analystes</em> (Seuil, 1983), <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">La Parole ou la Mort</em> (Seuil, 1996 ; édition revue, 2010) et l’important <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pourquoi le monde arabe n’est pas libre : Politique de l’écriture et terrorisme religieux</em>, qu’il a écrit en anglais et qui a été publié par Denoël en 2008. L’histoire de la traversée des langues que ce livre raconte est fascinante : les textes ont été écrits en arabe (mais pour moitié en arabe classique et pour l’autre en arabe égyptien), puis repris et auto-traduits en anglais, et traduits par d’autres en français, mais encore une fois repris et avec une nouvelle préface.</div>
<div class="wp-caption-text" style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Helvetica Neue", Arial, Helvetica, "Nimbus Sans L", sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Cela donne une idée du texte comme étant une production jamais définitive, toujours à reprendre, toujours en voyage, qui est un éloge de la mobilité de la pensée, à l’inverse de la pensée arrêtée ou systématique. La traduction, la reprise, sont aussi des manières de lutter contre la domination. Car Moustapha Safouan est aussi traducteur : il a notamment traduit en arabe <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">L’interprétation des rêves de Freud</em> et en démotique égyptien <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Othello</em> de Shakespeare. On peut dire de Moustapha Safouan qu’il est, terme qui peut paraître un peu désuet aujourd’hui, un lettré possédant dans diverses langues – l’arabe, le français et l’anglais – une immense culture psychanalytique et philosophique. Il a reçu chez lui, rue Guénégaud, Michel Plon et Tiphaine Samoyault, qui l’ont invité à reprendre tous ces thèmes.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span id="more-2653" style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"></span></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> J’aimerais commencer par une question très générale. Où en est selon vous la psychanalyse aujourd’hui, aussi bien dans le monde qu’en France ? À la fin de votre livre sur la psychanalyse paru en 2013, vous semblez penser que, du point de vue de la théorie, cette histoire est terminée.</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
La psychanalyse, c’est l’histoire du complexe d’Œdipe et l’histoire du complexe d’Œdipe, c’est l’histoire de la famille. J’ai en projet un livre sur les avatars du complexe d’Œdipe, liés à l’évolution historique de la famille. On peut dire que dans le milieu des chasseurs-cueilleurs, la famille était non problématique : le fils voyait devant lui que son père était vraiment le signifiant du désir maternel et il s’apprêtait à vivre selon la même méthode. Avec la révolution agricole, naît le patriarcat, qui entraîne en quelque sorte la deuxième naissance de l’<em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Homo erectus</em> : au lieu de dépendre de ce que la terre donne, on produit cette terre. La justice romaine, par exemple, s’arrête à la porte de la maison. À l’intérieur, c’est la loi du patriarche. Et si le patriarcat n’a pas été une folie (car c’est une folie que de remettre un tel pouvoir, la loi, à quelques-uns), c’est parce qu’on a bâti, à côté de la maison, le temple. On a imposé le tiers devant lequel nous sommes tous égaux. Dans ce contexte, l’Œdipe a très bien marché puisqu’un fils, quelle que soit la tension entre lui et son père, devient le gardien de l’histoire et du nom de l’ancêtre, avec la protection également de l’égalité devant Dieu.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Les choses ont changé avec la révolution industrielle : d’abord, le père n’a presque plus rien eu à transmettre, la maison a cessé d’être un atelier, la mère a commencé à travailler dans les usines, la famille s’est coupée des sociétés. Le cadre de la famille n’a plus été le social mais l’État, or l’État limite l’autorité parentale. Ce vide absolu a entraîné la vogue des psychanalystes. Nous sommes venus pour remplir ce vide. À ce moment-là, comme la famille s’est vue composée d’individus qui n’avaient plus rien en commun (ni croyance commune, ni transmission), la tension entre le père et le fils a éclaté. L’histoire de la faillite des pères a éclaté d’une façon inimaginable avec les destructions du XX<span style="bottom: 1ex; font-size: 10px; height: 0px; line-height: 1; position: relative; vertical-align: text-top;">e</span> siècle. Les camps, le génocide : les enfants ont vu des choses qu’on n’aurait jamais pu imaginer.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
On a trouvé le complexe d’Œdipe – c’est la découverte de Freud – quand le père était encore là, mais il n’aura pas lui-même duré bien longtemps. De ce point de vue, nous sommes donc à la fin de la psychanalyse.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tiphaine Samoyault :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Parce que, pour vous, la fin du complexe d’Œdipe c’est la fin de la psychanalyse ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
En tout cas, c’est la fin de ce à quoi l’analyse avait affaire jusqu’à présent, aussi bien du point de vue thérapeutique que du point de vue didactique : dans tous les cas, on avait affaire à des analyses d’œdipes échoués, à des cas où la normalisation œdipienne avait raté, pour des raisons plus ou moins graves…</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> À la fin du livre, vous laissez entendre avec un soupçon d’ironie que la théorie, elle, demeurera, comme faisant partie du patrimoine de la pensée, mais qu’en ce qui concerne la pratique c’est une autre affaire</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Ce qui reste, ça aura été quand ça passera (mot de Lacan), c’est en effet la théorie et celle qui a mis l’accent sur le <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">parlêtre</em>. Lacan a transformé radicalement le complexe d’Œdipe en définissant le désir par le désir de l’Autre et en faisant de l’Autre un lieu du langage, dont la mère est la première à occuper la place.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tiphaine Samoyault :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> L’importance du </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">parlêtre</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> nous conduit à la question de la langue et à celle de la traduction. Vous avez traduit vers l’arabe classique </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">L’interprétation des rêves</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> de Freud. Comment la langue arabe s’ouvre-t-elle au mode de pensée de la psychanalyse ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Ce sont les circonstances, avec ce qu’elles comportent de surprise et d’inattendu, qui m’ont conduit à traduire ce livre. Je rentrais pour des vacances en Égypte en décembre 1953. C’était juste après la première séance de la Société française de psychanalyse (SFP), après la division. Avant, j’avais assisté à tout le drame de cette division et de cette séparation d’avec la Société psychanalytique de Paris (SPP). Lacan avait son premier séminaire à Sainte-Anne. Je me rendais donc en Égypte pour retravailler et ce fut le coup d’État de Nasser, qui a rendu tout travail impossible car on ne pouvait même pas acheter un livre et, en outre, il n’y avait plus de visa de sortie. Le seul moyen pour sortir était de travailler à l’Université pendant cinq ans, ce qui devait me donner le droit à un congé d’études me permettant d’obtenir ce visa de sortie. Alors j’ai profité des cinq ans que j’avais devant moi pour traduire Freud. Greimas était en Égypte et partageait avec Charles Singevin un véritable intérêt pour la psychanalyse et pour les écrits de Lacan sur le langage. Nous avons donc constitué un groupe, auquel participait aussi Hilde Zaloscher, une historienne yougoslave, spécialiste de l’art chrétien en Égypte, en particulier des portraits du Fayoum. Elle avait fait ses études à l’université de Vienne, elle était allée chez Freud, et elle m’a beaucoup aidé pour la langue, notamment pour comprendre certaines expressions très courantes de Freud. Et puis, grâce à elle, j’ai compris un rythme, celui de l’allemand qui coule comme de l’eau de source. J’ai commencé à traduire en voulant atteindre la même fluidité en arabe. Pour cela, je testais dans le salon que tenait mon père les histoires que racontait Freud, exposant par exemple l’histoire de l’homme qui vous donne des bouteilles et qui vous empoisonne avec, et, si je voyais rire les amis de mon père disant : « c’est exactement comme chez nous », alors je savais que j’avais atteint mon but.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
C’est le livre le plus vendu en arabe, de Beyrouth au Maroc. Mais je n’ai pas touché un sou. Il a été publié par la Maison de la Connaissance Dar al-Maaref, fondée par les chrétiens maronites au Liban, qui ont fait les premiers grands dictionnaires modernes. J’avais envoyé un mot à Anna Freud pour lui dire que le texte était enfin disponible en langue arabe. La seule réaction qu’elle a eue a été de demander à la Hogarth Press de réclamer des droits à l’éditeur. L’Égypte ne faisait pas partie d’un accord global sur le droit d’auteur !</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Anna Freud ne vous a jamais répondu personnellement ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Non c’est le seul écho que j’ai eu d’elle ! Pour revenir sur cette traduction, je dirais que je n’ai pas rencontré de problème de style ou de vocabulaire, mais que tout était une question de ton car chaque histoire a son ton dans <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">L’interprétation des rêves</em>. Il y a beaucoup d’éléments concrets sur lesquels on doit s’appuyer. La seule difficulté, ce fut pour traduire le terme « identification » : il a fallu inventer le mot en arabe. Depuis la traduction de ce livre, beaucoup de psychologues ont entrepris de faire un vocabulaire arabe de la psychanalyse. Mais moi, lorsque je traduisais, il n’y avait rien.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Le mot « conscience » n’existe pas en arabe, pas plus, dès lors, qu’« inconscient ». On a utilisé un mot qui veut plutôt dire « sentiment ». Ma solution fut de faire des notes expliquant les termes qui n’existaient pas en arabe. Mais c’est surtout ces deux mots-là qui manquaient, et toute la gamme des termes forgés autour de « conscience » : conscience de soi, inconscient… À la vérité, le mot même de sujet n’existe pas en arabe. Sauf pour l’analyse grammaticale, mais on utilise un mot qui veut dire « le premier de la phrase ». « Le premier » n’est pas le « sujet ». J’ai pris le mot qui veut dire « un tel », ou « le même ».</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tiphaine Samoyault :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Aviez-vous lu Freud pendant vos études ? Dans quelle langue ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
J’ai toujours vécu dans un milieu très littéraire : on était noyés dans les lettres. Le milieu de mon père était extrêmement spirituel. Comme lui, ses amis étaient passionnés par les grandes œuvres de la littérature arabe classique, sans doute en réaction à l’occupation anglaise. Mais ils étaient très ouverts aux sciences européennes, en particulier celles qui étaient nouvelles. Ce qui caractérisait aussi ces êtres, c’était moins l’érudition que la créativité qu’ils manifestaient avec leurs bons mots. Cette époque a d’ailleurs été désignée par un vocable assez difficile à traduire (<em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">‘asr alzorafaa</em>) qui cumule les deux sens de « lettré » et de « lutin ». Un jour (j’avais entre dix et douze ans), un des amis de mon père a ouvert son parapluie en plein soleil. Un autre a manifesté son approbation par un mot qui a déclenché des rires bruyants. Je n’en comprenais pas la raison jusqu’à ce que je me rende compte que le vocable renvoyait à une racine de trois consonnes qui, en arabe dialectal, conjuguait les sens d’ombre et de faute. Il disait un remerciement ambigu : pour donner de l’ombre et aussi pour nous avoir égarés. Mon éducation a été ainsi très marquée par le mot d’esprit et par le double sens. On avait des traducteurs inouïs à l’époque. Ensuite, le régime de Nasser a muselé cette classe intellectuelle et spirituelle.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tiphaine Samoyault :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Dans </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pourquoi le monde arabe n’est pas libre</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">, vous décrivez les mécanismes de la domination. Vous montrez que si le monde arabe n’est pas libre, c’est qu’il est doublement contraint : par la dichotomie entre langue classique, écriture, et langue vernaculaire, qui rend difficile, voire impossible, l’accès des non-lettrés à la culture religieuse et lettrée ; et par la domination occidentale, comme vous l’expliquez très bien dans la préface à la traduction du </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Discours de la servitude volontaire</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> de La Boétie, « Les facteurs de la domination occidentale », texte repris comme premier chapitre de </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Pourquoi le monde arabe n’est pas libre</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">. Voyez-vous l’oppression au cœur de la langue ou bien sont-ce des usages de la langue qui asservissent selon vous ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Je ne vois pas en quoi la langue serait oppressive. C’est l’appropriation de la langue qui l’est. Avec l’islam, la coupure de l’écriture s’est aggravée. À l’époque des pharaons, on écrivait la langue qu’on parlait. Mais avec l’islam, on ne se mit à écrire que la langue du Coran et on cessa d’écrire la langue qu’on parlait. La langue a été sanctifiée. Aujourd’hui, aucun régime arabe (de l’Arabie saoudite au Maroc) n’acceptera jamais d’enseigner l’arabe parlé : seule la langue de Dieu a une grammaire. Du même coup, cela assure le pouvoir politique, ce qui arrange bien l’Occident. En Égypte, nous sommes un peuple où peu de gens savent lire un journal mais où domine la fatuité de l’esprit religieux. Un Libyen m’a dit un jour : « Quelle merveille, Dieu a fait faire tout ça (les avions, les machines à laver, les maisons…) pour que nous en ayons la jouissance… »</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Tu as aussi traduit vers l’arabe vernaculaire égyptien </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Othello</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">. Qu’est-ce que cette traversée des langues apporte à ton travail analytique ? Pourquoi as-tu choisi </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Othello</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> ? Ce choix peut nous conduire à la question de la femme et de la féminité : sur le versant culturel, la femme dans le monde arabe, et sur le versant de la psychanalyse, ce qu’il en est de la sexualité féminine et au-delà.</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
J’ai sans doute choisi Othello parce que le personnage est arabe et porte un nom arabe. Le thème me paraît en outre plus facile à suivre que ceux des pièces historiques de Shakespeare. <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Hamlet</em> évoque un univers culturel trop différent. Je voulais traduire Othello dans une langue vulgaire pour donner la preuve qu’on peut faire une littérature de cette langue-là, qu’elle n’est pas faite que pour injurier les voisins ! Le résultat a été un désastre parce que personne ne lit dans ce pays. Le livre ne s’est pas vendu. La pièce a été jouée, mais la scène de mariage a été jouée avec des danses du ventre, etc., de façon tout à fait ridicule.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
La place de la femme, la question de la jalousie, sont aussi ce qui m’a intéressé dans cette pièce. En Égypte, depuis les années 1920, la femme (la femme bourgeoise) a commencé à sortir de la maison. Nawal el Saadawi a introduit le mouvement féministe, mais elle a rencontré des résistances pour former un véritable mouvement car les Égyptiens n’ont pas de tradition du travail en commun. L’étatisme empêche de travailler ensemble. Mais elle a eu quand même beaucoup d’influence. À l’heure actuelle, on voit des femmes dans tous les services. Il y a eu une émancipation, mais qui ne touche qu’une seule classe, la plus occidentalisée. À la campagne, même si la femme a toujours travaillé, la séparation s’est maintenue entre les hommes et les femmes. Cela s’est accentué avec l’augmentation du chômage. Sur le plan sexuel, c’est certainement une société narcissique ; le harcèlement sexuel existe très largement dans ce pays. Il doit y avoir une différence énorme entre Égypte et Liban. Le Liban est plus prospère, il y a moins de chômeurs, plus d’éducation, l’esprit de la ville domine. En Égypte, les choses sont plus violentes, ce qui est dû à une certaine ignorance culturelle et au chômage.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Mais en France ? Qu’en est-il des mutations de la famille et des défis qu’elles posent ? Comment la psychanalyse se positionne-t-elle aujourd’hui par rapport à ces mutation sociales, à la question du couple homosexuel, à celle de l’adoption par ces couples ? Vous savez comme moi combien cette question fait débat dans le milieu psychanalytique mais, en même temps, c’est un débat clôturé, fermé.</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Ce qui change, c’est que ce qui s’appelle la main invisible du marché a englobé l’enfant. L’enfant est devenu un objet mercantile. Vous achetez le sperme, les ovules, la mère porteuse… Cette industrie, qui pèse déjà lourd dans le marché mondial, transforme les enjeux de l’analyse (et la justice aussi), elle transforme tout ce qui fait la culture. On pourrait dire qu’il n’y a qu’une seule chose dans laquelle la culture n’est pour rien : c’est que l’enfant vient du ventre de sa mère. La reconnaissance par le père, c’est l’esprit même de la culture. Quand le père devient démontrable biologiquement, on quitte la sphère de la reconnaissance, donc on transforme profondément la culture. Le juge lui-même ne sait plus qui est le père : est-ce celui qui a reconnu l’enfant ou celui qui est démontré biologiquement ?</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Les psychanalystes prennent-ils la mesure de cette transformation ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Non, ils font silence là-dessus. Ils continuent comme si le monde extérieur n’avait pas changé depuis Freud. Il y a un débat très sourd entre ceux qui disent qu’il faut étudier les transformations sociales et ceux qui disent que rien n’a changé. Le seul qui a fait attention, ne serait-ce qu’aux phénomènes de la modification des demandes faites aux analystes, c’est André Green. On ne s’adresse plus seulement à nous pour des névroses, des phobies, des obsessions, des hystéries, mais pour des états borderline, comme l’homme aux loups, c’est-à-dire des analysants ou des analysantes susceptibles de traverser une crise psychotique au cours de l’analyse.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
J’ai d’ailleurs une théorie là-dessus : dans l’état borderline, il n’y a pas forclusion du nom du père, mais forclusion de la métaphore paternelle, ce qui fait qu’il n’y a pas le manque de l’intégration de l’ordre symbolique. À l’âge de l’Œdipe, le père de l’homme aux loups était un mélancolique, un absent ; il ne pouvait donc pas travailler comme signifiant du désir maternel. C’est ma théorie sur le borderline</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
L’insouciance de certains psychanalystes que vous pointez me paraît parfaitement juste. Sous prétexte que les structures ne changent pas, que les névroses, psychoses ou perversions ne changent pas, il ne serait pas nécessaire de prendre en compte les changements du monde. Comme nous sommes tous les enfants de la même époque, est-ce que les analystes eux-mêmes ne sont pas borderline en grande partie ?</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Dans votre livre, un point qui peut apparaître très technique, mais qui à mon avis n’est pas seulement technique : vous dites qu’il n’y a pas de fin de l’analyse.</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Quand il y a un travail, on doit bien penser qu’il va quelque part. Mais vers quoi ? Les avis sont partagés. Pour Melanie Klein, cela va vers l’assomption de la séparation. Lacan, à cette occasion, a fait une distinction entre la dépression symptôme et le deuil authentique. Il peut y avoir aussi le fait d’assumer l’être pour la mort, mais finalement la fin est quand même la castration symbolique, et pour arriver là il faut traverser quelque chose qui s’appelle le fantasme fondamental. Selon l’analysant, selon son histoire, tel aspect dominera. Une autre fin peut être encore la chute du sujet supposé savoir, la chute de celui dont j’imagine qu’il va me dire ce que je suis. Donc il y a bien des fins, mais l’idée de mener son analyse jusqu’à sa fin est une fausse question. On peut d’ailleurs compter sur les doigts de la main les cas où l’on peut dire qu’il y a eu assomption de l’être pour la mort ou traversée du fantasme fondamental.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Qu’en est-il aujourd’hui de la</strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> passe</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">, cette procédure inventée par Lacan et qu’il reconnut par la suite être un échec ? Quelle est votre position sur le devenir de cette procédure ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
L’idée de Lacan avec la passe était de sortir définitivement du conflit né en 1926 autour de la question de l’analyse profane, l’analyse pratiquée par des non-médecins. Pour Lacan, la scientificité de la psychanalyse était un horizon et la passe un moyen d’y accéder : la passe était une réponse psychanalytique à la question de la formation des analystes et donc à celle de la transmission. La psychanalyse didactique par laquelle s’effectue la transmission ne relève d’aucun diplôme, d’aucune formalité institutionnelle extérieure à la psychanalyse. Lacan voulait que la psychanalyse soit bien distinguée d’une quelconque forme de sacerdoce, d’où l’introduction qu’il fit de la dimension du désir, le désir de l’analyste comme point d’aboutissement de la didactique et donc différent du désir d’être analyste que peut manifester un sujet au début d’une analyse. Lacan fut le premier à percevoir que le désir de l’analyste relève de l’ordre de la vérité. En juillet 1978, Lacan a tiré la leçon de l’expérience de la passe en déclarant que la psychanalyse est intransmissible. La mise en œuvre de la passe dans le cadre de l’EFP [École freudienne de Paris de Psychanalyse] entre 1968 et 1980 n’a pas donné une quelconque élaboration du savoir : le bilan a été nul, d’où le verdict de Lacan que la passe était « un échec ». La passe n’a apporté aucune réponse quant aux raisons qui pouvaient pousser un analysant à exercer ce « métier impossible » qu’est la psychanalyse, d’où cette autre conclusion de Lacan selon laquelle la passe n’a rien à faire avec la psychanalyse. L’idée ne rimait à rien car, dans une analyse, il s’agissait de finir le travail que l’échec de la normalisation au début laissait en chantier. Parce que ce qui fait les névroses, c’est quand même que l’objectivation nuit au sujet. Je veux dire qu’on peut faire un travail sur le malheur pesant qu’entraînent les tentations du don, avec tout ce que comprend le fait de se méprendre. On cherche à modifier le mode d’existence d’un sujet, à pouvoir le faire exister pour qu’il n’ait pas de pouvoir sur le désir de l’autre.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tiphaine Samoyault :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Ce qu’Othello ne comprend pas…</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Au regard du désir, le don apparaît toujours comme mesurable et intéressé, il paraît petit confronté au désir. Othello est possédé par une névrose de possession et de contrôle absolu. De celui qui refuse que le désir soit un don.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Tiphaine Samoyault :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Une des manières de lutter contre le rationalisme réducteur peut être encore une fois le recours à d’autres langues. Vous intégrez des termes arabes dans votre discours sur la psychanalyse. Par exemple, vous dites la force d’un terme comme </strong></em><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">al-mourid</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> en arabe qui veut dire le disciple et qui signifie littéralement le « désirant » ou le « voulant ». Pensez-vous que des termes arabes pourraient modifier la langue de la raison, qu’ils seraient utiles pour penser autrement ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
L’élève, l’étudiant, c’est en effet celui qui veut. Cela se dit surtout quand on s’adresse à un maître. « <em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Al-mourid</em> », c’est ce que j’étais pour Lacan. Je me suis intéressé à la langue et aux langues. Quand j’ai quitté l’Égypte, je voulais aller à Cambridge pour rencontrer Wittgenstein. Mais je suis venu à Paris, je suis tombé névrosé ici à Paris car je n’avais pas de rapports de proximité avec les professeurs. Ma chance a été d’aller en analyse chez Marc Schlumberger. J’étais ami avec un Égyptien qui voulait écrire une thèse sur le langage chez Husserl. Grâce à lui, j’ai côtoyé Bachelard, qui a parlé un jour d’un jeune psychologue n’ayant pas la réputation qu’il méritait (Lacan). Je suis alors allé à la Société psychanalytique de Paris, en 1947, et Lacan m’a tout de suite intéressé car il était le seul qui parlait de langage ; il parlait de la parole, ce qui fait que j’ai commencé à penser qu’il y avait quelque chose à faire en France. Dans le monde anglo-saxon, on parlait du langage mais pas de la parole. Je lui ai demandé un contrôle. Il m’a demandé de parler de ma provenance, et lorsque je lui ai dit que quand j’étais né mon père était en prison, il a dit, de façon très sympathique : « alors vous avez été élevé par des femmes ! » Je lui ai dit non, j’avais un troupeau d’oncles !</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
De tous, c’est de lui que j’ai reçu le plus. Pour lui, tout ce qui s’appelle différence, quelle que soit sa place sociale, est intéressant. Chacun n’a que le poids que lui donne sa parole. On n’avait, de part et d’autre, aucune thèse à défendre.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Michel Plon :</strong><em style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><strong style="background: transparent; border: 0px; margin: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> Est-ce qu’à la fin de sa vie il n’a pas été enfermé dans les difficultés de son école ?</strong></em></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Oui, c’est sûr. Il voulait des psychanalystes sauvés de la psychologie ou du comportementalisme, il était devenu militant. Or on ne peut pas être psychanalyste et militant. On ne peut pas mener une analyse tout en ayant le désir affiché de quelque chose. Il a été victime de ce dont il avait fait une cause. Son rêve d’une école purement psychanalytique échappant aux effets institutionnels, aux luttes de pouvoir, à tous les effets de prestance, s’est révélé être effectivement un rêve : il a été tenté d’affirmer par divers moyens un pouvoir, une autorité autre que celle que lui donnaient son œuvre et son enseignement, et cela a suscité des résistances, des luttes internes. Sans doute y a-t-il un lien entre cet échec-là et ce qui fait suite à la dissolution de l’École, à savoir une division incessante entre groupes, associations, écoles, dont les membres se réunissent invariablement autour d’un guide, d’un chef censé les guider vers on ne sait quel paradis.</div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; color: #333333; font-family: "Trebuchet MS", Verdana, Arial, sans-serif; font-size: 13px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: transparent; border: 0px; margin-bottom: 15px; margin-top: 15px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<span style="color: #333333; font-family: Trebuchet MS, Verdana, Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 13px;">http://colblog.blog.lemonde.fr/2017/05/14/interview-moustapha-safouan/</span></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1095137702156614275.post-18624774128200335922018-06-09T07:55:00.000-07:002018-06-09T07:55:23.956-07:00Alguns pensamentos dispersos e livres sobre as questões que se presentificam no estudo da psicanálise<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Um dos
grandes pontos que surge para nós, quando nos deparamos com o estudo da
psicanálise, é o que Lacan nos situa como o Outro. Este Outro, o campo do
Outro, essa dimensão de um terceiro que estaria ali entre eu e o outro, entre
eu e meu semelhante igual a mim, surgiria uma dimensão onde um terceiro se
presentificaria como se fosse o fantasma do pai de Hamlet, estando ali ao mesmo
tem que também não está. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">O Outro,
podemos pensar livremente que um dos aspectos que ele pode representar é a
dimensão do coletivo. Entre eu e meu semelhante, entre o desejo de nós dois,
pode surgir um terceiro campo, que não é eu, Que não é o outro, mas que é sim
esse produto que surge na soma entre eu mais o outro(eu+outro). Que
corresponderia, quem sabe, naquilo que chamamos do laço social. Digamos que eu
queria tomar café e meu semelhante, o outro, queria tomar chá. Nos reunimos
ambos e decidimos algo que fique bom para os dois. Podemos decidir beber café,
podemos decidir beber chá ou outra coisa qualquer, uma água mineral por
exemplo. O que foi decidido não importa. O que importa é que algo foi acordado,
foi feito um acordo entre nós. Talvez a posteori eu e meu semelhante
descubramos que eu tinha razão, que o melhor era tomar café. Talvez a gente
descubra que meu semelhante tinha razão, o melhor era tomar chá. E talvez nós
dois descubramos que o melhor era mesmo a terceira opção, tomar água. Não há,
em princípio, como determinar qual a melhor opção no momento em que ela foi
tomada, isso só pode ser determinado a posteori, nos efeitos que a nossa
decisão vai implicar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Dizer que
eu errei, que meu semelhante errou, sempre é uma constatação de um fato
passado. Dificilmente vamos constatar que estamos errando, no momento em que
erramos, no momento em que estamos nessa errância, nesse campo de errar sem
direção. É no aposteori que determino que eu errei, eu estava em errância, sem
rumo. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Me parece
que aqui, dentro da visão da filosofia, este acordo que eu e meu semelhante
fazemos, que instaura este ponto terceiro, este laço coletivo que não é o
desejo meu nem o desejo do meu semelhante, mas é o desejo de nós dois
estabelecido, acordado, entre um e outro, que prevalece. Na visão da filosofia,
parece que este laço social, que representaria aquilo que é universal, igual
para todos, o que é universal e igual para mim e para meu semelhante, onde eu e
e ele concordamos, isso tem prevalência. É a essência, o essencial. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Me remete
aquilo que Platão considerava, que pegamos todos os cachorros e tiramos desse
grupo dos cachorros tudo que é de individual de cada cachorro, o que restaria seria
a essência, o ser, a boa forma quem sabe, o que determina que este ente cachorro
seja reconhecido como cachorro. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">No entanto,
me parece que em Freud, quando ele cria este campo que ele vai chamar de
psicanálise, a prevalência do universal pelo singular não é uma garantia de
certeza, de atingir a verdade. Parece-me que não necessariamente, na visão de
Freud, o universal sempre será o lugar onde estará a dimensão da verdade, do
verdadeiro, que algo ser universal não garante que portanto seja aí que se
encontra a dimensão da verdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">O universal
não garante conter a dimensão de verdade sobre o singular, isto só poderá ser
determinado a posteori. Há me parece aqui, a divergência fundamental que surge
entre o caminho da psicanálise e da filosofia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">O campo do
Outro não garante sua dimensão de verdade, porque o futuro não existe, o futuro
não seria pré-determinado, passível de ser previsto. Quando faço uma previsão
do futuro, quando digo que amanhã eu vou fazer isso, o que eu estaria evocando
seria uma dimensão histórica, uma dimensão da tradição. Me parece que o próprio
Heidegger, em determinadas passagens, nos permite interpretar isso desta forma.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Ou seja, eu
ontem tomei café da manhã, eu sempre tomo café da manhã todos os dias. Portanto,
isso me permite prever que amanhã eu vou tomar café, me permite focar isso e
determinar isso como um campo de certeza para prever o amanhã. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Mas esta
previsão está determinada por uma repetição, uma verdade histórica, uma tradição
mantida. Digamos que amanhã eu decida não tomar café da manhã. Eu digo, “é a
primeira vez que eu passo um dia sem tomar café da manhã”. É uma primeira vez,
uma originalidade, uma invenção no meu modo de agir. Isso implica que eu posso
modificar totalmente meu modo de agir no futuro, desde que eu consiga sair do
inferno da necessidade de repetição da historicidade e da tradição. O que implica
que a decisão que eu e meu semelhante tomamos, seja uma decisão onde
prevalecerá a minha vontade, ou a vontade dele, ou a vontade que não é nem
minha nem dele ela só será determinada como sendo a decisão correta a ser
tomada ou não, quando ela tiver sido tornada passado e o que é futuro tornar-se
presente. No presente, podemos constatar se a decisão tomada foi a melhor ou
não, mas o mais importante é que o futuro não pode ser previsto, não posso de
antemão, enquanto estou tomando a decisão, saber se ela é a correta. O futuro,
a mim me parece, sempre é um falta, um vazio, onde aquilo que virá a ser não
pode ser predeterminado, embora dentro da historicidade e da tradição eu possa
ter a ilusão, como Freud chama de futuro de uma ilusão e depois um dos críticos
de Freud responde como a ilusão de um futuro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">O futuro de
uma ilusão, parece ilustrar a questão, qual futuro uma ilusão possui? Parece-me
que esta é a pergunta que Freud nos faz. Qual é o futuro de uma crença, por
exemplo, de que tudo dará certo, de que tudo ficará bem no final. Qual futuro
irá surgir a partir da posição ilusória contida dentro desse mantra, desta mística
de que tudo dará certo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">E por outro
lado, nessa ilusão de um futuro, fica a indagação como eu poderia predeterminar
de antemão, em um trabalho de vidência, que corresponderia a algo entre uma
posição mística e sobrenatural de determinar e prever o futuro, ou que pode ser
conceitualizado como a tentativa de saber de antemão para onde a lógica do
inconsciente está no levando, determinar essa lógica no exato momento em que
ela sempre está nos levando, nos determinando, poder determinar de antemão quais
os caminhos que o inconsciente vai nos levar, qual a direção que as formações
do inconsciente vão realizar no exato momento em que elas já estão nos levando. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Nesse ponto
encontramos a divergência de opiniões entre de um lado os místicos, que
consideram haver ai a magia e de outro a posição de Lacan, que isso não é
magia, mas lógica do inconsciente. E a posição de que não importa quem estaria
mais correto, se os místicos ou Lacan, mas sim a constatação de que os efeitos
são os mesmos, ou seja, algo que é impossível de ser capturado, determinado de
antemão. Vemos os efeitos da lógica do inconsciente operando em nossas vidas,
mas fica a questão, podemos controlar isso? O mais sábio é perceber, como Freud
que nós é que somos controlados por isso. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">A ilusão de
um futuro implica o horror e o fascínio, aquele sentimento do sublime que Kant
tão lindamente nos conceitua para nós, a posição sublima que podemos adotar
frente ao constatar que não, nada está pré-determinado, nada está pré-definido
com relação ao futuro. Como na música “o que será, será”, o que tiver de ser
será, os caminhos para onde essa lógica do inconsciente, essas formações do
inconsciente forem nos levar ainda não foram escritos e inscritos na nossa vida.
Mas me parece, que se há algo que a psicanálise nos ensina, é que não há
necessidade de ficarmos parados, passivos frente a este futuro que surge como
destino. Há coisas, escolhas que podemos fazer, no exato momento do presente,
novas escolhas, novos caminhos, ousar fazer coisas no presente que nunca antes
fizemos, que podem sim produzir efeitos no mínimo interessantes em nosso
futuro. Quais efeitos serão estes? Só saberemos quando o futuro virar presente.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="PT-BR">Mas
certamente, aquela posição de que “eu sempre fiz assim” ou “eu sempre escolho,
entre ir para a esquerda e ir para a direita, ir para à esquerda”, essa posição
de historicidade e tradição não é mais garantia. Não é nem mesmo garantia de,
se no passado escolhi ir para esquerda e isso gerou estes efeitos, não é
garantido que se eu escolher agora ir para a esquerda os mesmos efeitos serão
gerados. E eu não falo aqui de posições políticas de esquerda ou direita, falo
no sentido de esquerda direita espacialmente. Porque se falarmos de política, parece-me
que escolher entre a direita ou a esquerda está sempre gerando os efeitos de
que uma minoria continua sempre controlando e subjugando uma maioria. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1095137702156614275.post-37368102737775026372016-12-30T08:47:00.004-08:002016-12-30T08:47:32.493-08:00210 livros para o estudo da Psicanálise para baixar<header style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 12px;"><div class="header-outer" style="background-attachment: scroll; background-clip: initial; background-image: none; background-origin: initial; background-position: 0px -400px; background-repeat: repeat-x; background-size: initial; min-height: 0px; position: relative;">
<div class="fauxborder-left header-fauxborder-left" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-y; position: relative;">
<div class="region-inner header-inner" style="margin: 0px auto; max-width: 100%; min-height: 0px; min-width: 0px; width: auto;">
<div class="header section" id="header" name="Cabeçalho" style="margin: 0px;">
<div class="widget Header" data-version="1" id="Header1" style="line-height: 1.4; margin: 0px; min-height: 0px; position: relative;">
<div id="header-inner" style="overflow: hidden;">
<div class="descriptionwrapper" style="margin-bottom: 25px; padding: 0px;">
<div class="description" style="color: black; font-size: 18px; margin-bottom: 10px; margin-top: 0.5em; padding: 0px 2px;">
Debora Oliveira.</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<div class="header-cap-bottom cap-bottom" style="background-position: left bottom; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left bottom; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right bottom; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
</div>
</header><div class="tabs-outer" style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; min-height: 0px; position: relative;">
<div class="tabs-cap-top cap-top" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left top; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right top; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
<div class="fauxborder-left tabs-fauxborder-left" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-y; position: relative;">
<div class="fauxborder-right tabs-fauxborder-right" style="background-position: right top; background-repeat: repeat-y; height: 0px; position: absolute; right: 0px;">
</div>
<div class="region-inner tabs-inner" style="margin: 0px auto; max-width: 100%; min-height: 0px; min-width: 0px; padding: 0px 15px; width: auto;">
<div class="tabs no-items section" id="crosscol" name="Entre colunas" style="border-top: 0px solid rgb(221, 221, 221); margin: 0px 15px;">
</div>
<div class="tabs no-items section" id="crosscol-overflow" name="Cross-Column 2" style="margin: 0px 15px;">
</div>
</div>
</div>
<div class="tabs-cap-bottom cap-bottom" style="background-position: left bottom; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left bottom; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right bottom; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
</div>
<div class="main-outer" style="border-top: 0px solid transparent; min-height: 0px; position: relative;">
<div class="main-cap-top cap-top" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-x; color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left top; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right top; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
<div class="fauxborder-left main-fauxborder-left" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-y; position: relative;">
<div class="fauxborder-right main-fauxborder-right" style="background-position: right top; background-repeat: repeat-y; color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; height: 3441.72px; position: absolute; right: 0px;">
</div>
<div class="region-inner main-inner" style="margin: 0px auto; max-width: 100%; min-height: 0px; min-width: 0px; padding: 35px 0px 65px; position: relative; width: auto;">
<div class="columns fauxcolumns" style="padding-left: 0px; padding-right: 310px; position: relative; zoom: 1;">
<div class="fauxcolumn-outer fauxcolumn-center-outer" style="bottom: 0px; color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; left: 0px; overflow: hidden; position: absolute; right: 310px; top: 0px;">
<div class="cap-top" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left top; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right top; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
<div class="fauxborder-left" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-y; height: 3341.72px; position: relative;">
<div class="fauxborder-right" style="background-position: right top; background-repeat: repeat-y; height: 3341.72px; position: absolute; right: 0px;">
</div>
<div class="fauxcolumn-inner" style="height: 3341.72px;">
</div>
</div>
<div class="cap-bottom" style="background-position: left bottom; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left bottom; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right bottom; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
</div>
<div class="fauxcolumn-outer fauxcolumn-left-outer" style="bottom: 0px; color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; left: 0px; overflow: hidden; position: absolute; top: 0px; width: 0px;">
<div class="cap-top" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left top; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right top; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
<div class="fauxborder-left" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-y; height: 3341.72px; position: relative;">
<div class="fauxborder-right" style="background-position: right top; background-repeat: repeat-y; height: 3341.72px; position: absolute; right: 0px;">
</div>
<div class="fauxcolumn-inner" style="border-right: 1px solid transparent; height: 3341.72px;">
</div>
</div>
<div class="cap-bottom" style="background-position: left bottom; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left bottom; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right bottom; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
</div>
<div class="fauxcolumn-outer fauxcolumn-right-outer" style="bottom: 0px; color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 12px; overflow: hidden; position: absolute; right: 0px; top: 0px; width: 310px;">
<div class="cap-top" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left top; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right top; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
<div class="fauxborder-left" style="background-position: left top; background-repeat: repeat-y; height: 3341.72px; position: relative;">
<div class="fauxborder-right" style="background-position: right top; background-repeat: repeat-y; height: 3341.72px; position: absolute; right: 0px;">
</div>
<div class="fauxcolumn-inner" style="border-left: 1px solid transparent; height: 3341.72px;">
</div>
</div>
<div class="cap-bottom" style="background-position: left bottom; background-repeat: repeat-x; height: 0px; position: relative;">
<div class="cap-left" style="background-position: left bottom; background-repeat: no-repeat; float: left; height: 0px;">
</div>
<div class="cap-right" style="background-position: right bottom; background-repeat: no-repeat; float: right; height: 0px;">
</div>
</div>
</div>
<div class="columns-inner" style="min-height: 0px;">
<div class="column-center-outer" style="float: left; position: relative; width: 570px;">
<div class="column-center-inner" style="padding: 0px;">
<div class="main section" id="main" name="Principal" style="margin: 0px 1em;">
<div class="widget Blog" data-version="1" id="Blog1" style="line-height: 1.4; margin: 0px; min-height: 0px; position: relative;">
<div class="blog-posts hfeed">
<div class="date-outer">
<h2 class="date-header" style="color: #666666; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 11px; font-stretch: normal; line-height: normal; margin: 0px; min-height: 0px; position: relative;">
<span style="background-color: #bbbbbb; color: white; letter-spacing: 3px; margin: inherit; padding: 0.4em;">segunda-feira, 12 de dezembro de 2016</span></h2>
<div class="date-posts">
<div class="post-outer">
<div class="post hentry uncustomized-post-template" itemprop="blogPost" itemscope="itemscope" itemtype="http://schema.org/BlogPosting" style="margin: 0px 0px 45px; min-height: 0px; position: relative;">
<span style="color: #666666; font-family: Trebuchet MS, Trebuchet, Verdana, sans-serif;"><span style="font-size: 12px;"><a href="https://www.blogger.com/null" name="196714503458117679"></a></span></span><h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 22px; font-stretch: normal; font-weight: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative;">
210 livros para o estudo da Psicanálise para baixar.</h3>
<div class="post-header" style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 10.8px; line-height: 1.6; margin: 0px 0px 1.5em;">
<div class="post-header-line-1">
</div>
</div>
<div class="post-body entry-content" id="post-body-196714503458117679" itemprop="description articleBody" style="line-height: 1.4; position: relative; width: 546px;">
<div style="color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 13.2px; text-align: center;">
<span style="background-color: white; font-size: 14px; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqWA231hF9CdgNhzt_rcFG6tQ5Pnw4qU6dXd6v17kbQUjcPXEzAF0i0lihATI54sO-wtDh05b2GNGxMuGvWbxdfophXCsYFFd2UjWKhMEkBCOgs8rRGR07H-J13P0p1ZMfi_reRJeEUU75/s1600/livros-2016.jpg" imageanchor="1" style="color: #888888; text-decoration: none;"><img border="0" height="241" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqWA231hF9CdgNhzt_rcFG6tQ5Pnw4qU6dXd6v17kbQUjcPXEzAF0i0lihATI54sO-wtDh05b2GNGxMuGvWbxdfophXCsYFFd2UjWKhMEkBCOgs8rRGR07H-J13P0p1ZMfi_reRJeEUU75/s400/livros-2016.jpg" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.0980392) 1px 1px 5px; padding: 5px; position: relative;" width="400" /></a></span></div>
<span style="background-color: white; color: #666666; font-family: "Trebuchet MS", Trebuchet, Verdana, sans-serif; font-size: 14px; text-align: justify;"><br /></span><br /><br /><ul style="background-color: white; line-height: 1.4; list-style-image: initial; list-style-position: initial; margin: 0.5em 0px; outline: none; padding: 0px 0px 0px 2em; text-align: justify;">
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Alain Didier - Weill: Inconsciente freudiano e transmissão da Psicanálise;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Alain Didier - Weill: Nota Azul - Freud, Lacan e a Arte;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Ana Costa: Sonhos;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Ana V. de Azevedo: Mito e Psicanálise; </span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Andréa M.C. Guerra: A Psicose;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Angélica Teixeira (org.): Especifidades da ética da psicanálise;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Antonio Godinho Cabas: Curso e Discurso na Obra de Jacques Lacan;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Antonio Quinet: A estranheza da psicanálise - A escola de Lacan e seus analistas;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Antonio Quinet: A Lição de Charcot;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Antonio Quinet: As 4 + 1 condições da análise;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Antonio Quinet: Na mira do Outro - a paranóia e seus fenômenos; </span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Antonio Quinet: Psicose e Laço Social;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Antonio Quinet: Teoria e clínica da psicose;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Armand Zaloszyc;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Bernard Baas;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Bruno Bettelhein;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Chrstian Metz;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Claude Jaeglé;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Contardo Calligaris;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Denise Maurano;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Diana L. Corso;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Diana S. Rabinovic;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Elizabeth Roudinesco;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Eric Laurent;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Fabio Heermann;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Flavio C. Ferraz;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">François Roustang;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Georg Groddeck;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Gerard Miller;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Germán García;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Heteridade - Revista de Psicanálise;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Isidoro Vegh;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">J. -D. Nasio;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Jacques Lacan;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Jean Hyppolite;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Jean-Claude Milner;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Joel Birman;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Joel Dor;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Jorge Alemán;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Jorge B.Orellana;</span></li>
<li style="color: #666666; font-family: "Helvetica Neue Light", HelveticaNeue-Light, "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span style="font-size: small;">Jorge B. Garcia;</span></li>
</ul>
<span style="color: #666666; font-family: Helvetica Neue Light, HelveticaNeue-Light, Helvetica Neue, Helvetica, Arial, sans-serif;"><div class="post-body entry-content" id="post-body-196714503458117679" itemprop="description articleBody" style="line-height: 1.4; position: relative; width: 546px;">
<span style="color: #666666; font-family: Helvetica Neue Light, HelveticaNeue-Light, Helvetica Neue, Helvetica, Arial, sans-serif;"><a href="https://onedrive.live.com/?authkey=%21AJJIOtc-IGC76GI&id=78B1775F085215A7%21415&cid=78B1775F085215A7">BAIXAR AQUI</a></span></div>
</span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1095137702156614275.post-14592950837478263662016-12-02T04:43:00.006-08:002016-12-02T04:43:32.764-08:00A ÚLTIMA ENTREVISTA DE FREUD<header class="entry-header" style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px;"><h1 class="entry-title" style="border-bottom: 1px solid rgba(0, 0, 0, 0.0980392); box-sizing: border-box; color: #c32a34; font-size: 25px; line-height: 1.1; margin: 0px; padding: 0px 0px 10px; text-rendering: optimizeLegibility; text-transform: uppercase;">
<br /></h1>
<h1 class="entry-title" style="border-bottom: 1px solid rgba(0, 0, 0, 0.0980392); box-sizing: border-box; color: #c32a34; font-size: 25px; line-height: 1.1; margin: 0px; padding: 0px 0px 10px; text-rendering: optimizeLegibility; text-transform: uppercase;">
<br /></h1>
<h1 class="entry-title" style="border-bottom: 1px solid rgba(0, 0, 0, 0.0980392); box-sizing: border-box; color: #c32a34; font-size: 25px; line-height: 1.1; margin: 0px; padding: 0px 0px 10px; text-rendering: optimizeLegibility; text-transform: uppercase;">
<br /></h1>
<h1 class="entry-title" style="border-bottom: 1px solid rgba(0, 0, 0, 0.0980392); box-sizing: border-box; color: #c32a34; font-size: 25px; line-height: 1.1; margin: 0px; padding: 0px 0px 10px; text-rendering: optimizeLegibility; text-transform: uppercase;">
A ÚLTIMA LONGA ENTREVISTA DE SIGMUND FREUD</h1>
</header><div class="entry-content" style="background-color: white; box-sizing: border-box; font-family: "Open Sans", "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin: 30px 0px 20px;">
<div class="entry-content-ads" style="box-sizing: border-box; float: left; margin: 0px 20px 10px 0px;">
</div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
Sigmund Freud (1856-1939), o judeu austríaco fundador da psicanálise, formou-se em medicina em Viena. Aperfeiçoou seus estudos em Paris, com Jean-Marie Charcot, que usava a hipnose como tratamento para a histeria. Ao romper com Charcot e com a prática da hipnose, Freud se deparou com o mecanismo de defesa dos pacientes e pode então desenvolver a teoria do inconsciente e sua própria técnica terapêutica, baseada na livre associação de ideias. Para o médico austríaco, a neurose adulta era resultado da sexualidade infantil. Em 1900, Freud publicou “A Interpretação dos Sonhos”, seu primeiro trabalho revolucionário — obra que ele havia terminado anos antes mas que guardou para lançá-la no despertar de um novo século. Ele tinha razão ao adiá-lo: o século 20 foi o tempo de Sigmund Freud. Em 1938, quando os nazistas anexaram a Áustria, depois de terem banido a psicanálise da Alemanha, Freud imigrou para a Inglaterra em companhia de sua Anna, que se tornaria conhecida como psicóloga infantil. Freud morreu de câncer na garganta.</div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
Entrevista conduzida por <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck</span>, publicada no seu livro: “Glimpses of the Great”, publicado em 1930, e republicada no livro: “A Arte da Entrevista: Uma Antologia de 1823 aos Nossos Dias,” organizado por <span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Fábio Altman</span> (Scritta 1995).</div>
<h2 style="box-sizing: border-box; font-size: 22px; line-height: 1.1; margin: 0px 0px 20px; text-rendering: optimizeLegibility;">
“Setenta anos de idade me ensinaram a aceitar a vida com alegre humildade.”</h2>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;">Quem fazia essa declaração era o professor Sigmund Freud, o grande explorador austríaco do lado oculto da alma. Assim como o trágico herói grego Édipo, cujo nome está tão intimamente ligado aos princípios fundamentais da psicanálise, Freud confrontou a Esfinge sem receio. Como Édipo, ele decifrou o enigma. Pelo menos, nenhum mortal chegou tão perto dos segredos do comportamento humano quanto Freud.<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
</div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
Freud é para a psicologia o que Galileu foi para a astronomia. É o Cristóvão Colombo do inconsciente. Ele abre novas perspectivas, sonda novas profundezas. Freud alterou todas as relações na vida, decifrando o sentido oculto das regras do inconsciente. Conversamos na casa de veraneio de Freud em Semmering, uma montanha nos Alpes Austríacos, onde os vienenses elegantes adoram se reunir. A última vez que vira o pai da psicanálise, ele estava em sua casa simples na capital austríaca. Os poucos anos que separavam a minha última visita desta de agora multiplicaram as rugas na sua testa e aumentaram a sua palidez acadêmica. Seu rosto estava abatido, sofrido. A mente estava ativa, o espírito firme, a cortesia impecável como sempre, mas uma leve problema de fala me preocupou.</div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
Parece que uma doença maligna no maxilar superior necessitara de uma operação. Desde então, Freud usa um aparelho mecânico para facilitar a fala. Na verdade, não há diferença entre o uso desse aparelho ou de óculos. Ele deixa Freud mais constrangido do que os visitantes. Depois que conversamos com ele por algum tempo, o aparelho se torna quase imperceptível. Nos dias em que Freud está bem, nem se percebe a presença dele. Mas para Freud, ele é causa de constante irritação.</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Eu detesto o meu maxilar mecânico porque a luta com o mecanismo consome uma força preciosa. Mas é melhor ter um maxilar mecânico do que nenhum. Ainda prefiro viver a morrer. Talvez os deuses sejam generosos conosco, tornando a vida mais desagradável à medida em que envelhecemos. No final, a morte parece mais tolerável do que os muitos problemas que temos que enfrentar.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<em style="box-sizing: border-box;">(Freud se recusa a admitir que o destino tenha sido rancoroso com ele.)</em></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Por que, eu devia esperar por algum tipo de privilégio? A idade, com seus visíveis desconfortos, chega para todos. Ela atinge um homem aqui, outro lá. O seu golpe sempre atinge uma parte vital.</td></tr>
</tbody></table>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Não me revolto contra a ordem universal, afinal vivi mais de setenta anos. Eu tive o que comer. Desfrutei de muitas coisas — do companheirismo da minha esposa, dos meus filhos, do pôr-do-sol. Eu vi as plantas crescerem na primavera. Algumas vezes recebi um aperto de mão amigo. Uma ou duas vezes encontrei um ser humano que quase me entendeu. O que mais eu posso querer?</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor é famoso. O seu trabalho influencia a literatura de todo o mundo. O homem olha para si e para a vida com olhos diferentes por sua causa. E, há pouco tempo, quando o senhor fez 70 anos, o mundo se uniu para homenageá-lo — com exceção da sua própria universidade!</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Se a Universidade de Viena me aceitasse, eu teria me sentido muito constrangido. Não há razão para eles me aceitarem ou à minha doutrina porque eu estou com 70 anos. Não dou nenhuma importância ilógica aos números. A fama só chega quando já estamos mortos, e, para ser franco, o que acontece depois da morte não me interessa. Não aspiro à glória póstuma. A minha modéstia não é nenhuma virtude.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O fato do seu nome ser lembrado não significa nada para o senhor?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Absolutamente nada, mesmo que ele seja realmente lembrado, o que não é certo. Eu estou mais interessado no destino dos meus filhos. Espero que a vida deles não seja tão difícil. Não posso torná-las muito mais fácil. A guerra praticamente acabou com a minha modesta fortuna, as economias de uma vida inteira. Entretanto, felizmente, a idade não pesa tanto para mim. Eu ainda sou capaz de seguir em frente! Meu trabalho ainda me dá prazer.</td></tr>
</tbody></table>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Estou muito mais interessado nestas flores do que no que possa acontecer comigo depois que eu morrer.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Então, no fundo, o senhor é um pessimista?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Não, não sou. Só que eu não permito que nenhuma reflexão filosófica me tire a alegria das coisas simples da vida.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor acredita na continuidade do ser após a morte, seja lá de que maneira for?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Eu não penso nesse assunto. Tudo o que nasce, um dia morre. Por que então eu também não morreria?</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor gostaria de retornar à vida, assumindo uma nova forma? Em outras palavras, o senhor não gostaria de ser imortal?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Para ser franco, não. Quem identifica as razões egoístas que se escondem sob o comportamento humano não tem a menor vontade de voltar. A vida, movendo-se em círculos, ainda seria a mesma. Além disso, mesmo que o eterno retorno de todas as coisas, como disse Nietzsche, nos vestisse com novas roupas, que utilidade isso poderia ter sem a memória? Não haveria ligação entre o passado e o futuro. No que me diz respeito, estou muito satisfeito em saber que o eterno absurdo de viver terminará um dia. Nossa vida se resume a uma série de obrigações, uma luta sem fim entre o ego e o seu ambiente. O desejo de um prolongamento excessivo da vida me parece absurdo.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor não aprova as tentativas do seu colega Steinach de prolongar o ciclo da existência humana?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Steinach não faz nenhuma tentativa para prolongar a vida. Ele simplesmente luta contra a velhice. Ao aumentar a reserva de forças que temos dentro de nós, ele ajuda o corpo a resistir à doença. A operação de Steinach às vezes detém os acidentes biológicos, como o câncer, nos seus primeiros estágios. Ela toma a vida mais tolerável. Mas não a torna mais feliz. Não há razão para que o homem queira viver mais. Mas temos todas as razões para querer viver com o mínimo de desconforto possível. Sou bastante feliz, porque não sinto dores e sou grato aos pequenos prazeres da vida, aos meus filhos e às minhas flores!</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Bernard Shaw diz que vivemos muito pouco. Ele acha que, se quiser, o homem pode prolongar o tempo de vida humana, se a força de vontade suplantar as forças da evolução. A humanidade, segundo ele, pode recuperar a longevidade dos patriarcas.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> É possível que a morte em si não seja uma necessidade biológica. Talvez os homens morram porque queiram morrer. Assim como o amor e o ódio pela mesma pessoa coexistem dentro de nós, a vida é uma mistura do desejo de viver com o desejo ambivalente de morrer. Da mesma forma que um elástico tende a voltar ao seu formato original, toda matéria viva, consciente ou inconscientemente, anseia pela inércia completa e absoluta da existência inorgânica. Os desejos de morrer e de viver convivem lado a lado dentro de nós. A Morte é a companheira do Amor. Juntos, eles governam o mundo. Essa é a mensagem do meu livro, Além do princípio do prazer. No início, a psicanálise achava que o Amor era o sentimento mais importante. Hoje, sabemos que a Morte tem a mesma importância. Biologicamente, todo ser humano, não importando a intensidade do seu desejo de viver, anseia pelo Nirvana, pela fim da febre chamada vida, pelo seio de Abraão. O desejo pode ser disfarçado por rodeios. Entretanto o objetivo final da vida é a própria extinção!</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Essa, exclamei, é a filosofia da autodestruição. Ela justifica o automassacre. Levaria à conclusão lógica do suicídio mundial previsto por Eduard von Hartmann.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> A humanidade não escolhe o suicídio, porque as leis da sua natureza não aceitam o caminho direto para a própria meta. A vida deve completar o seu ciclo de existência. Em qualquer ser humano normal, o desejo de viver é o bastante para compensar o desejo de morrer, embora, no final, o desejo de morrer prove ser mais forte. Nós podemos considerar a ideia de que a morte nos chega por vontade própria. É possível que derrotássemos a morte, não fosse pelo aliado que ela tem dentro de nós mesmos. Nesse sentido, talvez seja certo dizer que toda morte é um suicídio disfarçado.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Em que o senhor está trabalhando?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Estou escrevendo uma defesa da análise leiga, a psicanálise praticada por leigos. Os médicos querem tornar ilegal a análise feita pelos que não são médicos registrados. A história, essa velha plagiadora, se repete a cada nova descoberta. Os médicos, a princípio, combatem qualquer nova verdade. Depois eles tentam monopolizá-la.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor teve um grande apoio dos leigos?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Alguns dos meus melhores alunos são leigos.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor pratica a psicanálise com muita frequência?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Claro. Nesse exato momento, eu estou trabalhando em um caso difícil, esclarecendo os conflitos psíquicos de mais um paciente interessante. Minha filha também é uma psicanalista, como o senhor pode ver…</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<em style="box-sizing: border-box;">(Nesse momento, a senhorita Anua Freud surgiu seguida por seu paciente, um rapaz de 11 anos, de feições obviamente anglo-saxônicas. O menino parecia muito feliz, esquecido do conflito da própria personalidade.)</em></div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor se autoanalisa?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> É claro. O psicanalista deve se autoanalisar com frequência. Ao nos analisarmos, nos tornamos mais capazes de analisar outras pessoas. O psicanalista é como o bode expiatório dos hebreus. As pessoas colocam a culpa dos seus pecados nele. Ele deve exercer a sua arte com perfeição para se livrar do peso colocado sobre ele.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Sempre me pareceu que a psicanálise desperta em todos aqueles que a praticam o espírito da caridade cristã. Não há nada na vida humana que a psicanálise não nos permita entender.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Pelo contrário — <em style="box-sizing: border-box;">(enfureceu-se Freud, as feições assumindo a severidade arrebatada de um profeta hebreu)</em> — entender não é perdoar. A psicanálise não apenas nos ensina o que temos que suportar, ela também ensina o que temos que evitar. Ela nos diz o que deve ser eliminado. A tolerância do mal não é, de maneira nenhuma, uma consequência do conhecimento.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<em style="box-sizing: border-box;">(De repente eu entendi por que Freud brigara tão seriamente com os seguidores que o abandonaram, por que ele não consegue perdoar aqueles que se afastaram do caminho da psicanálise ortodoxa. O seu senso de integridade é uma herança dos seus ancestrais. Uma herança da qual ele se orgulha, assim como se orgulha da própria raça.)</em></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> Minha língua é o alemão. Minha cultura, minhas conquistas são alemãs. Considerei-me um alemão do ponto de vista intelectual, até que percebi o crescimento do antissemitismo na Alemanha e na Áustria alemã. Desde então, não me considero mais um alemão. Prefiro me considerar um judeu.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Estou feliz Professor, que o senhor também tenha os seus complexos, que o senhor também exponha a sua mortalidade.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Os nossos complexos são a fonte da nossa fraqueza e, com frequência, também da nossa força.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Quais seriam os meus complexos?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Uma análise séria levaria, pelo menos, um ano. Talvez demorasse até mesmo uns dois ou três anos. O senhor tem dedicado muitos anos da sua vida à caça de leões. O senhor tem procurado, ano após ano, as grandes personalidades da sua geração, invariavelmente homens mais velhos.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Isso é parte do meu trabalho.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Mas também é uma preferência. O homem importante é um símbolo. A sua busca é afetiva. O senhor está à procura do homem importante que irá tomar o lugar do seu pai. Isso é parte do complexo que o senhor tem em relação ao seu pai.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<em style="box-sizing: border-box;">(Neguei a afirmação de Freud com veemência. Entretanto, após refletir, parece-me que pode haver alguma verdade, insuspeita para mim, na sua sugestão casual. Talvez seja o mesmo impulso que me levou a ele.)</em></div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — No seu trabalho “O Judeu Errante”, o senhor estende essa busca ao passado. O senhor é o eterno Explorador do Homem. Eu queria poder ficar aqui durante o tempo que fosse necessário para ver o meu interior através dos seus olhos. Talvez, como a Medusa, eu morresse de medo ao ver minha própria imagem! Entretanto acho que conheço bastante a psicanálise. Eu iria prever, ou tentar prever, as suas intenções.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>A inteligência de um paciente não é um empecilho. Pelo contrário, às vezes, ela facilita o trabalho.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<em style="box-sizing: border-box;">(Nesse aspecto, o mestre da psicanálise difere de muitos dos seus adeptos, que se ressentem de qualquer dedução feita pelos próprios pacientes sob os cuidados deles. A maioria dos psicanalistas emprega o método da “livre associação” de Freud. Eles encorajam o paciente a dizer qualquer coisa que lhes venha à cabeça, não importando o quanto o que dizem possa ser idiota, obsceno, inoportuno ou irrelevante. Seguindo pistas que parecem não ter importância, encontram os dragões psíquicos que assustam o paciente, afugentando-os. Eles não apreciam o desejo de cooperação ativa do paciente, pois têm medo que, quando descoberta a direção da sua investigação, os desejos e a resistência do paciente lutem inconscientemente para manter seus segredos, desviando o caçador psíquico da sua pista. Freud também reconhece esse perigo.)</em></div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Às vezes eu penso se nós não seríamos mais felizes se conhecêssemos menos o processo que forma os nossos pensamentos e emoções. A psicanálise tira o encantamento da vida, quando segue a pista de cada um dos sentimentos até os seus complexos básicos. Não ficamos mais felizes ao descobrir nosso lado selvagem, criminoso e animal.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud —</span> O que o senhor tem contra os animais? A comunidade animal é infinitamente melhor do que a humana.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Porquê?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Porque os animais são muito mais simples. Eles não sofrem de personalidade dividida ou desintegração do ego, problemas que surgem da tentativa do homem de se adaptar a padrões de civilização que são sofisticados demais para o seu mecanismo intelectual e psíquico. O selvagem, assim como o animal, é cruel, mas ele não tem a maldade do homem civilizado. A maldade é a vingança do homem contra a sociedade pelas restrições impostas a ele. É essa vingança que dá vida ao reformista profissional e às pessoas intrometidas. O selvagem pode cortar a sua cabeça, comê-lo, torturá-lo. Mas ele vai poupá-lo das pequenas provocações que, às vezes, tornam a vida em uma comunidade civilizada quase intolerável. Os hábitos e as idiossincrasias mais desagradáveis do homem, como a trapaça, a covardia e a falta de respeito, são produzidos pela sua adaptação incompleta a uma civilização complicada. É o resultado do conflito entre os nossos instintos e a nossa cultura. As emoções intensas, diretas e simples de um cachorro, ao abanar o rabo ou latir quando é contrariado, são muito mais agradáveis! As emoções de um cachorro me fazem lembrar um dos heróis da antiguidade. Talvez seja por isso que nós inconscientemente damos aos cães nomes de heróis da antiguidade como Aquiles ou Heitor.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Até mesmo o senhor, professor, acha a existência muito complexa. No entanto, me parece que o senhor mesmo é, em parte, responsável pela complexidade da civilização moderna. Antes que o senhor inventasse a psicanálise ninguém sabia que a personalidade era dominada por um exército beligerante de complexos bastante censuráveis. A psicanálise fez da vida um complicado quebra-cabeça.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>De jeito nenhum. A psicanálise simplifica a vida. Nós atingimos uma nova síntese depois da análise. A psicanálise cria uma nova ordem para o labirinto onde estão perdidos certos impulsos, e tenta conduzi-los para o lugar ao qual pertencem. Ou, usando outra metáfora, ela é o fio que conduz o homem para fora do labirinto do seu próprio inconsciente.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Em uma visão superficial, parece, entretanto, que a vida humana nunca foi tão complexa. E, a cada dia, alguma nova ideia, apresentada pelo senhor ou por um dos seus discípulos, torna o problema do comportamento humano mais enigmático e contraditório.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Pelo menos a psicanálise nunca fecha as portas para uma nova verdade.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Alguns dos seus alunos, mais ortodoxos do que o senhor, se agarram a qualquer declaração que o senhor faça.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>A vida muda e a psicanálise também. Estamos só no princípio de uma nova ciência.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Eu acho a estrutura científica que o senhor criou muito complexa. E os elementos dessa estrutura, como a teoria da substituição, da sexualidade infantil, do simbolismo dos sonhos, etc., parecem permanentes.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>No entanto, torno a dizer, nós só estamos começando. Sou apenas um principiante. Consegui trazer à tona muito do que estava enterrado nas camadas mais profundas da mente. Mas, enquanto eu só descobri alguns templos, outros podem descobrir um continente.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor ainda dá grande importância ao sexo?</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Eu respondo com as palavras do grande poeta Walt Whitman: “Mas não haveria nada, se não houvesse o sexo”. Entretanto, como já disse, hoje em dia, eu dou a mesma importância ao que está além do prazer — a morte, a negação da vida. Esse desejo explica porque alguns homens gostam da dor — ela representa um passo em direção à morte! O desejo da morte explica por que todos os homens procuram o descanso eterno, por que os poetas agradecem:<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
</div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
“Onde quer que os deuses estejam,<br style="box-sizing: border-box;" />Não há vida que viva para sempre<br style="box-sizing: border-box;" />Os homens mortos nunca renascem,<br style="box-sizing: border-box;" />E até o rio mais enfastiado<br style="box-sizing: border-box;" />Segue confiante na direção do mar”.</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — Shaw, como o senhor, não deseja viver para sempre, mas ele acha o sexo desinteressante.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Shaw (<em style="box-sizing: border-box;">respondeu Freud, sorrindo</em>), não entende o sexo. Ele não faz a mais remota ideia do que seja o amor. Não existe nenhum relacionamento amoroso real nas suas peças. Ele transforma o caso de amor de César — talvez a maior paixão da história — em uma piada. Deliberadamente, para não dizer maliciosamente, ele despe Cleópatra de todo o seu esplendor e a rebaixa à condição de uma mulher insignificante, petulante e exagerada. A razão para a estranha atitude de Shaw em relação ao amor e para a sua negação do impulso primordial de todas as ações humanas, o que tira de suas peças o atrativo universal apesar da sua grande inteligência, está na natureza da sua psicologia. Em um de seus prefácios, Shaw enfatiza o aspecto ascético da sua personalidade. Posso ter cometido muitos erros, mas tenho certeza que não errei ao enfatizar a predominância do instinto sexual. Porque o instinto sexual é tão forte que se choca com muita frequência contra as convenções e salvaguardas da civilização. A humanidade, em defesa própria, procura negar a importância suprema do sexo. Analise qualquer emoção humana, não importa o quanto ela esteja distante da esfera do sexo, e o senhor vai encontrar com certeza, em algum lugar, o impulso primordial, ao qual a própria vida deve a sua perpetuação.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — É certo que o senhor conseguiu incutir o seu ponto de vista sobre todos os escritores modernos. A psicanálise deu nova força à literatura.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Ela também recebeu contribuições da literatura e da filosofia. Nietzsche foi um dos primeiros psicanalistas. É incrível o quanto a intuição dele se antecipou às nossas descobertas. Ninguém identificou com mais clareza as razões para o comportamento humano e a luta do princípio do prazer pelo eterno domínio. O seu Zaratustra diz:<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
</div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
“Desgraça<br style="box-sizing: border-box;" />Grite: Vá<br style="box-sizing: border-box;" />Mas o prazer implora por eternidade,<br style="box-sizing: border-box;" />Implora insaciável, profunda eternidade”.</div>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
Pode ser que a psicanálise seja menos discutida na Áustria e na Alemanha do que nos Estados Unidos, mas a sua influência sobre a literatura, no entanto, é enorme. Thomas Mann e Hugo von Hofmansthal nos devem muito. Schnitzler acompanha, em grande parte, o meu desenvolvimento. Ele expressa através da poesia muito do que eu tento transmitir cientificamente. Mas o doutor Schnitzler não é apenas um poeta, ele é também um cientista.</div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">George Sylvester Viereck — O senhor não é apenas um cientista, é também um poeta. A literatura americana está impregnada pela psicanálise. Rupert Hughes, Harvey O’Higgins e outros são seus intérpretes. É quase impossível abrir um novo romance recente sem encontrar alguma referência a psicanálise. Entre os dramaturgos, Eugene O’Neill e Sydney Howard devem muito ao senhor. “The Silver Cord” (O Cordão de Prata), por exemplo, é uma mera dramatização do complexo de Édipo.</span></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Eu sei disso, sou grato pelo reconhecimento, mas temo pela minha própria popularidade nos Estados Unidos. O interesse dos americanos pela psicanálise não é muito profundo. A grande popularidade leva à aceitação superficial sem uma pesquisa séria. As pessoas apenas repetem o que escutam no teatro ou leem nos jornais. Eles pensam que compreendem a psicanálise, porque conseguem repetir o nosso jargão! Eu prefiro o estudo mais intenso da psicanálise nos centros europeus. Os Estados Unidos foram o primeiro país a me reconhecer oficialmente. A Clark University me conferiu um grau honorário quando eu ainda estava condenado ao ostracismo na Europa. No entanto os Estados Unidos contribuíram muito pouco para o estudo da psicanálise. Os americanos são generalizadores inteligentes, mas raramente são pensadores criativos. Além disso, os médicos americanos, bem como os austríacos, tentam apropriar-se do campo. Deixar que a psicanálise permaneça somente nas mãos dos médicos será fatal para o seu desenvolvimento A formação médica pode ser tanto uma vantagem quanto uma desvantagem para o psicanalista. Ela é uma desvantagem quando certas convenções científicas aceitas se tornam arraigadas demais na mente do estudante.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin-bottom: 20px;">
<em style="box-sizing: border-box;">(Freud precisa dizer a verdade a todo custo! Não consegue se forçar a lisonjear os Estados Unidos, onde tem a maioria dos seus admiradores. Não consegue, mesmo estando em desvantagem, fazer as pazes com a profissão médica, que até hoje o aceita com grande relutância. Apesar da sua integridade inflexível, Freud é muito cortês. Ele ouve qualquer sugestão com paciência, sem jamais tentar intimidar o entrevistador. É raro um convidado partir sem algum presente, uma lembrança da sua hospitalidade! A noite chegara. Estava na hora de pegar o trem de volta para a cidade que um dia abrigara o esplendor imperial dos Habsburgos. Freud, acompanhado pela esposa e pela filha, subiu a escada que ligava o seu retiro nas montanhas à rua, para se despedir de mim. Ele me pareceu triste e sombrio, quando acenou para mim.)</em></div>
<table style="background: rgba(0, 0, 0, 0.0470588); border-collapse: collapse; border-spacing: 0px; box-sizing: border-box; line-height: 1.4; margin: 0px 0px 20px; width: 599px;"><tbody style="box-sizing: border-box;">
<tr style="border: 0px; box-sizing: border-box;"><td style="border-bottom: 1px solid rgb(238, 238, 238); box-sizing: border-box; padding: 8.69565px 10px; vertical-align: top;"><span style="box-sizing: border-box; font-weight: 700;">Sigmund Freud — </span>Não me faça parecer um pessimista — (<em style="box-sizing: border-box;">comentou depois do último aperto de mão</em>) — Eu não desprezo o mundo. Expressar insatisfação para com o mundo é só uma outra maneira de cortejá-lo, para conseguir plateia e aplausos! Eu não sou um pessimista, não enquanto tiver meus filhos, minha mulher e minhas flores! As flores felizmente não têm personalidade ou complexidades. Adoro as minhas flores. E não sou infeliz — pelo menos, não mais do que outras pessoas.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="box-sizing: border-box; line-height: 1.4;">
<em style="box-sizing: border-box;">(O apito do meu trem soou na noite. O carro me levou à estação com rapidez. Aos poucos, a figura levemente curvada e a cabeça grisalha de Sigmund Freud desapareceram ao longe. Como Édipo, Freud olhou fundo nos olhos da Esfinge. O monstro propõe seu enigma para qualquer viajante. O andarilho que não souber a resposta será cruelmente agarrado e atirado contra as rochas. Mesmo assim, ela talvez seja mais gentil com aqueles que destrói do que com os que adivinham seu segredo.)</em></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0